setembro 03, 2023
março 01, 2021
fevereiro 23, 2021
janeiro 16, 2021
julho 16, 2020
João Rosa
quieta, me suspende. Qualquer sombrinha me refresca. Mas é só muito provisório. Eu queria rezar ― o tempo todo. Muita gente não me aprova, acham que lei de Deus é privilégios, invariável. E eu! Bofe! Detesto! O que sou? ― o que faço, que quero, muito curial. E em cara de todos faço, executado. Eu? ― não tresmalho!
ROSA, Guimarães. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956.
março 22, 2020
agosto 05, 2019
julho 20, 2019
julho 14, 2019
Arnold
Há 68 anos e 1 dia, morria em Los Angeles, Estados Unidos, o
compositor austríaco Arnold Franz Walter Schönberg. Acadêmico, estudioso da
teoria musical, escritor, pintor, criou a música dodecafônica: um novo sistema
harmônico distinto àquele usado até então na música erudita ocidental, após sua
codificação por Johann Sebastian Bach, como um desenvolvimento ou consequência
do cromatismo de Richard Wagner, por exemplo, na segunda metade do século 19.
Nascido numa família da pequena-burguesia judia na Viena de
fim de século, Schönberg estudou música com Alexander Zemlinsky, com cuja irmã
se casaria e teria dois filhos. Mesmo tendo se convertido ao cristianismo em
1889 e tendo servido nas forças germânicas durante a Primeira Guerra, o
compositor seria perseguido pelos nazistas após a ascensão de Hitler ao poder
em 1933,ao ter sua arte considerada “degenerada” pela censura cultural de
Goebbels et caterva. Obrigado a exilar-se para os Estados Unidos, lecionaria em
conservatórios e em universidades na Califórnia, naturalizando-se estadunidense
em 1941. Schönberg morreria em Los Angeles na data e hora em que acreditava que
morreria – 13 minutos antes de meia-noite, numa sexta-feira 13, aos 76 anos
(7+6=13) – por sofrer de triscaidecafobia (medo do número 13).
Embora a dodecafonia não possa ser classificada como
atonalismo – na verdade é o uso dos 12 tons da escala cromática –, Schönberg
sempre buscara em suas composições o que mais tarde classificaria como Emancipação
da dissonância, através da qual buscava desnaturalizar a música, por assim
dizer, por meio de um método que ele acreditava ser mais lógico: uma série na
qual todos os 12 sons são representados, mas cada um uma única vez. Segundo
Otto Maria Carpeaux, “essa série é o tema fundamental da obra, elaborada
conforme todas as regras, inclusive as mais complicadas, da antiga polifonia
vocal, da arte contrapontística. É uma escolástica. Mas é uma ordem”.
Tal método serial seria adotado a partir de 1923, nas Cinco
peças para piano Op.23 e na Serenata Op.24, chegando ao seu ápice já em sua
fase americana no Concerto para violino e orquestra, de 1936, e no Concerto
para piano e orquestra, de 1941.
O próprio Schönberg considerava sua teoria como a conclusão
lógica da tradição ocidental, e uma boa parte da música erudita composta no
último século presta contas a sua contribuição. Desde seu patrono e mecenas,
Gustav Mahler, passando por Claude Debussy, George Gershiwn ou Bela Bartók,
chegando a Karlheinz Stockhausen e, portanto, decisiva para o que seria o
florescer da música eletrônica popular, cuja ponte sem dúvidas está no
Krautrock alemão de bandas como Kraftwerk. Pela via popular inclusive, a
dissonância presente em sua influência no jazz também fundamentaria, por
exemplo, a Bossa Nova brasileira.
Arnold Schoenberg (1874-1951): Concerto per
violino e orchestra op.36 (1936) -- Louis Krasner, violino -- New York
Pilharmonic diretta da Dimitri Mitropoulos -- I. Poco allegro. Vivace II.
Andante grazioso [12:24] III. Finale. Allegro [20:12]
Painting by Gabriele Muenter
junho 19, 2019
A Morte
HISTÓRIA
DA ESPOSA DANADA
Não
sei quantos de nós haviam conseguido decifrar de uma maneira ou de
outra aquela história, sem se perder em meio a todos os cartapácios
de copas e ouros que surgiam exatamente quando desejávamos uma clara
ilustração dos fatos. A comunicabilidade do narrador era bastante
escassa, dado talvez que seu engenho fosse mais voltado para o rigor
da abstração do que para a evidência das imagens. Em suma, alguns
entre nós se deixavam distrair ou se detinham sobre certas
conjugações de cartas e não conseguiam ir além.
Por exemplo, um de nós, um guerreiro de olhar melancólico, que se havia apoderado de um Valete de Espadas muito parecido com ele, e de um Seis de Paus, aproximou-os do Sete de Ouros e da Estrela como se quisesse formar uma fila vertical por sua conta.
Talvez para ele, soldado perdido no bosque, aquelas cartas seguidas da Estrela quisessem significar uma cintilação como a dos fogosfátuos que o havia atraído para uma clareira entre as árvores, onde lhe aparecera uma jovem de palor sidéreo que vagueava pela noite em camisola de dormir e com os cabelos soltos, erguendo alto um círio aceso.
Seja como for, ele continuou impávido sua fileira vertical, baixando duas cartas de Espadas: um Sete e uma Rainha, conjugação já de si difícil de interpretar, mas que talvez sugerisse alguma espécie de diálogo deste tipo:
— Nobre cavaleiro, eu te suplico, desfaz-te de tuas armas e couraça e permite que eu as tome! — (Na miniatura a Rainha de Espadas enverga uma armadura completa, com braceleiras, cotoveleiras, manoplas, sobressaindo-se como uma camisola de ferro das bordas recamadas de suas cândidas mangas de seda.) — Estouvada, comprometi-me com alguém cujo abraço ora abomino e que virá esta noite reclamar-me o cumprimento da promessa! Sinto-o aproximar-se! Armada, não deixarei que se apodere de mim! Eia, salva uma donzela perseguida!
Que o guerreiro tenha consentido prontamente é algo de que não se podia duvidar. E eis que, ao vestir a armadura, a pobrezinha se transforma em rainha de torneio, pavoneia em redor, exibe-se toda. Um sorriso de júbilo sensual anima a palidez de sua face.
Mas aqui de novo começava um desfile de cartapácios cuja compreensão era um problema: um Dois de Paus (sinal de uma bifurcação, de uma escolha?), um Oito de Ouros (algum tesouro oculto?), um Seis de Copas (um convite amoroso?).
— Tua cortesia merece um galardão — deve ter dito a jovem do bosque. — Escolhe o prêmio que preferes: posso dar-te riqueza, ou então...
— Ou então?
— ...Posso me dar a ti.
A mão do guerreiro baixou sobre o naipe de copas: havia escolhido o amor.
Para
a continuação da história devíamos deixar trabalhar a imaginação:
ele já estava nu, ela afrouxou a armadura que acabara de vestir e,
através das placas de bronze, nosso herói conseguiu chegar a um
seio tenro e teso e túrgido, insinuou-se entre o férreo coxote e a
tépida coxa…
De
caráter reservado e pudico, o soldado não se alongou em pormenores:
tudo o que nos soube dizer foi colocar ao lado de uma carta de Copas
uma outra de Ouros, com um ar de suspiro, como a dizer:
— Pareceu-me entrar no Paraíso...
A figura que depositou em seguida parecia confirmar a imagem dos umbrais do Paraíso, mas ao mesmo tempo interrompia bruscamente a entrega voluptuosa: era um Papa de austeras barbas brancas, como o primeiro dos pontífices que hoje guarda as Portas do Céu.
— Quem está a falar de Paraíso? — No alto do bosque em meio às nuvens apareceu são Pedro trovejando em seu trono:
— Para esta a nossa porta estará fechada por todo o sempre!
O
modo como o narrador depositou uma nova carta, com um gesto rápido,
mas mantendo-a escondida, e com a outra mão tapando os olhos, como
que nos preparava para uma revelação: a mesma com que ele se
deparou quando, baixando os olhos dos ameaçadores umbrais celestes,
pousou-os sobre a dama em cujos braços jazia e viu o gorjal
emoldurar não mais uma face de pomba no cio, não mais as narinas
maliciosas, o pequenino nariz arrebitado, mas sim uma barreira de
dentes sem gengivas nem lábios, duas fossas nasais escavadas no
osso, os pômulos macilentos de um crânio, sentindo que envolvia nos
seus os membros ressequidos de um cadáver.
A gélida aparição do Arcano Número Treze (a legenda A Morte não figura nem mesmo nos maços de cartas em que todos os arcanos menores trazem escritos os seus nomes) havia reacendido em todos nós a impaciência de conhecer o final da história. O Dez de Espadas que vinha agora seria a barreira dos arcanjos que vedava à alma danada o acesso ao Céu? O Cinco de Paus indicaria uma passagem através do bosque?
Neste ponto, a coluna de cartas se havia ligado ao Diabo, colocado naquele ponto pelo narrador precedente.
Não era preciso conjecturar muito para compreender que do bosque havia saído o noivo tão temido pela defunta prometida: Belzebu em pessoa, que, exclamando: “Não adianta, minha querida, trapacear nas cartas! Para mim, todas as tuas armas e armaduras (Quatro de Espadas) não valem dois vinténs (...)!”, levou-a consigo para debaixo da terra.
ITALO
CALVINO (1923 - 85) nasceu em Santiago de Las Vegas, Cuba, e foi para
a Itália logo após o nascimento. Participou da resistência ao
fascismo durante a guerra e foi membro do Partido Comunista até
1956. Publicou sua primeira obra, A trilha dos ninhos da aranha, em
1947.
Calvino,
Italo; O castelo dos destinos cruzados – Trad. Ivo Barroso – 2ª
edição – Companhia das Letras – 1991
Imagem:
Gertrude Moakley, in her book The
Tarot Cards Painted by Bonifacio Bembo (1966)
presents
the theses that Renaissance Carnival processions depicting "Triumphs"
of morality and specific virtues, concepts also embodied in the text
and various illustrations to Petrarch's
I
Trionfi,
provide the symbolic basis of the Tarot, which originates from the
same basic milieu —
a
fusion of three traditions: the Roman triumphs, the religious
processionals, and the knightly tournament processions of the Middle
Ages. These ideas have an interesting history and visual legacy in
Western
junho 18, 2019
A dois
CONVERSA
COM JESUS CRISTO
Sempre
que você se sentir só e impotente para resolver determinada
situação ou problema, seja de qual ordem for, não se desespere.
Converse com Jesus Cristo, orando: Meu querido Jesus Cristo, em vós
deposito toda minha confiança. Vós sabeis de tudo, ó Pai do
universo. Vós sois o Rei dos Reis. Vós que fizestes o paralítico
andar, o morto voltar a viver e o leproso sarar. Vós que vedes
minhas angústias, minhas lágrimas, bem sabeis, Divino amigo, como
preciso alcançar de vós esta graça que espero, com muita fé e
confiança. Fazei, Dívino Jesus Cristo, que eu a alcance pois
necessito muito, por isso vos peço com muita fé (fazer o pedido com
bastante fé e firmeza). A conversa convosco, meu grande mestre, me
dá ânimo e alegria para viver. Como gratidão mandarei imprimir um
miiheiro desta oração e distribuir a outras que precisam de vós,
para que aprendam a ter fé e confiança em Vossa misericórdia.
lluminai meus passos assim como o sol ilumina todos os dias o
amanhecer. Jesus Cristo,tenho total confiança em vós e a cada dia
que passa alimenta minha fé e meu amor!" Rezar um Pai Nosso,
Ave Mana e Glória ao Pai.
Em
agradecimento, hoje mando imprimir e distribuir 1000 orações, para
propagar os benefícios e devoção ao NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.
Mande imprimir você também logo após o pedido.
IMPRESSOS
UNIDAS PELA FÉ - FAÇA SUA ENCOMENDA Ligue 0800 55 4116 ou Oxxl1)
2731-2852/ 2731-1322 Ganhe 4 medalhas e 2 imagens de bolso.
Enviaremos paratodo o Brasil.
junho 02, 2019
junho 01, 2019
Casa
Guiomar
CALÇADO DADO
A mais barateira do Brasil
AVENIDA PASSOS, 120
–– RIO ––
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em todo o Brasil por vender barato e servir bem, lança a titulo de reclame, aos
seus freguezes, duas marcas de sua creação, tudo para o agrado de vosso
príncipe e ainda mais barato 40 % do que nas outras casas.
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modernos e finos sapatos em cristal da Bohemia. Gaspea de delicada renda côr de
pérola, salto translúcido em quartzo persa com maravilhosa esmeralda cravejada do
lado direito; custam nas outras casas rs. 600$000.
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O mesmo modelo em Murano em matizes ceruleos, gaspea de cetim cravejado de águas-marinhas de Madagascar com salto Luiz XV e linda fivellinha em ouro 22 k, conforme o cliché; custam nas outras casas rs. 700$000
MIMO para o
cliente que levar as duas ofertas: um chapelinho rubro igneo de optima procedencia
italiana, da marca Lupusavarum.
Pelo correio mais 22$500
por par.
Remettem-se
catálogos illustrados para o interior a quem os solicitar.
PEDIDOS
A
JULIO DE SOUZA
JULIO DE SOUZA
In
A
Scena Muda – anno 6; nº 261 – Rio de Janeiro, 1926
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