Há 68 anos e 1 dia, morria em Los Angeles, Estados Unidos, o
compositor austríaco Arnold Franz Walter Schönberg. Acadêmico, estudioso da
teoria musical, escritor, pintor, criou a música dodecafônica: um novo sistema
harmônico distinto àquele usado até então na música erudita ocidental, após sua
codificação por Johann Sebastian Bach, como um desenvolvimento ou consequência
do cromatismo de Richard Wagner, por exemplo, na segunda metade do século 19.
Nascido numa família da pequena-burguesia judia na Viena de
fim de século, Schönberg estudou música com Alexander Zemlinsky, com cuja irmã
se casaria e teria dois filhos. Mesmo tendo se convertido ao cristianismo em
1889 e tendo servido nas forças germânicas durante a Primeira Guerra, o
compositor seria perseguido pelos nazistas após a ascensão de Hitler ao poder
em 1933,ao ter sua arte considerada “degenerada” pela censura cultural de
Goebbels et caterva. Obrigado a exilar-se para os Estados Unidos, lecionaria em
conservatórios e em universidades na Califórnia, naturalizando-se estadunidense
em 1941. Schönberg morreria em Los Angeles na data e hora em que acreditava que
morreria – 13 minutos antes de meia-noite, numa sexta-feira 13, aos 76 anos
(7+6=13) – por sofrer de triscaidecafobia (medo do número 13).
Embora a dodecafonia não possa ser classificada como
atonalismo – na verdade é o uso dos 12 tons da escala cromática –, Schönberg
sempre buscara em suas composições o que mais tarde classificaria como Emancipação
da dissonância, através da qual buscava desnaturalizar a música, por assim
dizer, por meio de um método que ele acreditava ser mais lógico: uma série na
qual todos os 12 sons são representados, mas cada um uma única vez. Segundo
Otto Maria Carpeaux, “essa série é o tema fundamental da obra, elaborada
conforme todas as regras, inclusive as mais complicadas, da antiga polifonia
vocal, da arte contrapontística. É uma escolástica. Mas é uma ordem”.
Tal método serial seria adotado a partir de 1923, nas Cinco
peças para piano Op.23 e na Serenata Op.24, chegando ao seu ápice já em sua
fase americana no Concerto para violino e orquestra, de 1936, e no Concerto
para piano e orquestra, de 1941.
O próprio Schönberg considerava sua teoria como a conclusão
lógica da tradição ocidental, e uma boa parte da música erudita composta no
último século presta contas a sua contribuição. Desde seu patrono e mecenas,
Gustav Mahler, passando por Claude Debussy, George Gershiwn ou Bela Bartók,
chegando a Karlheinz Stockhausen e, portanto, decisiva para o que seria o
florescer da música eletrônica popular, cuja ponte sem dúvidas está no
Krautrock alemão de bandas como Kraftwerk. Pela via popular inclusive, a
dissonância presente em sua influência no jazz também fundamentaria, por
exemplo, a Bossa Nova brasileira.
Arnold Schoenberg (1874-1951): Concerto per
violino e orchestra op.36 (1936) -- Louis Krasner, violino -- New York
Pilharmonic diretta da Dimitri Mitropoulos -- I. Poco allegro. Vivace II.
Andante grazioso [12:24] III. Finale. Allegro [20:12]
Painting by Gabriele Muenter
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