O nome pimenta vem da forma latina pigmentum, “matéria corante”, que no espanhol virou pimienta, passando depois ao entendimento contemporâneo como “especiaria aromática”.
É importante saber que as pimentas eram utilizadas na medicina e na culinária muito antes de Hipócrates, que viveu por volta do século 5 a.C. Já na antiga medicina tibetana e aiurvédica, médicos sacerdotes, e a própria população, utilizavam os poderes medicinais para tratar as múltiplas enfermidades. Nos livros sagrados da medicina aiurvédica — famosa por suas composições ardidas — figuram diversas fórmulas em que as pimentas constituem elementos importantes. Segundo o conhecimento da medicina indiana antiga, as plantas pungentes (ardidas) combatem o excesso de mucosidades acumuladas no organismo, eliminam toxinas (ama) e tonificam a energia vital. Mas não apenas na medicina indiana vamos encontrar as pimentas como recursos medicinais. Na medicina chinesa antiga são inúmeros os métodos de tratamento com pimenta, o mesmo acontecendo na medicina egípcia, mesopotâmica, persa, e depois árabe que, com a expansão do Islã, difundiu a sua avançada medicina por praticamente todo o mundo.
A pimenta figura como um importante recurso medicinal em todos os sistemas médicos conhecidos e em todas as culinárias do planeta. Pela sua capacidade de produzir calor e rubor, sempre foi considerada um excelente afrodisíaco e, como tal, sempre parece ter cumprido a sua missão. Por esse motivo, a utilização da pimenta como condimento foi proibida para monges, sacerdotes, discípulos e religiosos celibatários, de modo a evitar o estímulo do desejo sexual.
Povos que utilizam regularmente a pimenta são conhecidos por sua fertilidade, como os indianos e os chineses. A região italiana da Calábria, onde um tipo de pimenta semelhante à nossa malagueta (não é a “pimenta calabresa”, pois ela não existe como pimenta isolada, mas sim como mistura de pimentas vermelhas, diferentes da pequena malagueta, tais como a dedo-de-moça, ou chifre-de-veado, conforme veremos adiante) é utilizada em grande quantidade na alimentação, os homens possuem quantidades de espermatozóides bem superiores à média mundial. Com base nisso, existe um bom recurso da Medicina Tradicional para combater a esterilidade masculina e a baixa quantidade de espermatozóides: a ingestão de uma a duas pimentas pequenas (tipo malagueta) por dia, às refeições, sem mastigar, como se fossem pílulas.
Tratados médicos persas antigos, certamente como herança da medicina aiurvédica, recomendavam a ingestão de pimenta para combater dores musculares e dores de cabeça, o que criou a tradição de se adotar as pimentas como condimento para combater a enxaqueca, atualmente.
Estudos mostram que a pimenta, por seu poder anti-séptico e protetor, fazia parte das fórmulas para o embalsamamento de múmias no Egito. Entre os povos pré-colombianos na América (incas, astecas, maias, tupis, guaranis etc.), plantas picantes sempre foram utilizadas como alimento e como remédio.
As pimenteiras do gênero Capsicum são nativas da América, mas sua origem exata é controversa: alguns pesquisadores acreditam que elas surgiram na Bacia Amazônica, enquanto outros afirmam que elas se originaram na América Central ou ainda no México. Na América, as pimentas parecem ter surgido há 7.000 anos a.C. na região do México Central. As primeiras pimentas consumidas foram coletadas provavelmente de plantas selvagens, o que coloca as pimentas entre as plantas cultivadas mais antigas das Américas. Os americanos pré-históricos cultivaram a pimenta selvagem piquin, que se multiplicou geneticamente nos vários tipos de pimenta hoje conhecidos. Elas podem ter sido usadas pelos nativos indígenas como um medicamento, uma prática comum entre os maias. Os astecas já tinham desenvolvido muitos tipos de pimenta, seja como remédio, ou como tempero.
Uma das principais características culturais das tribos indígenas que habitavam as terras brasileiras na época do Descobrimento era o cultivo de pimentas. Após o Descobrimento, as sementes e frutos de pimentas passaram a ser cada vez mais cultivados, disseminados entre vários povos, utilizados de diversas formas. Algumas dezenas de variedades dessas pimentas são produzidas no Brasil, e mesmo sendo um cultivo ainda de maneira rústica, é um mercado que movimenta em torno de 80 milhões de reais por ano, incluindo o consumo interno e as exportações.
in Pimenta e seus benefícios à saúde; Bontempo, Marcio – Editora Alaúde – São Paulo, 2007
Fotos: Internet
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