fevereiro 05, 2009

O que é do homem, o bicho não come.



Provérbio fatalista, mas que trai otimismo. Diz que, afinal, o que é de alguém, continuará sendo, ainda que, indevidamente, lhe queiram surrupiar o direito.

O que nós merecemos, nós ganhamos. Essa pode não ser uma frase muito simpática para pessoas pessimistas, mas parece-me verdadeira.

Há políticos que são obrigados a transformar seus escritórios em verdadeiras agências de emprego. Embora compreendendo o problema do eleitor e do político, sempre considerei este hábito, além de inútil, contraproducente, na maioria dos casos.

Na maioria, porque só raras vezes, o sistema funciona.

Supostamente, um político é uma pessoa bem relacionada e consegue encontrar mais rapidamente as oportunidades. Por ser, supostamente, bem informado, sabe em que áreas elas existem. Mas, raramente, dá uma oportunidade que a pessoa não teria encontrado por si só.

A experiência mostra que — salvo em áreas muito especializadas - com algum esforço e tempo, o emprego aparece, se a pessoa ainda for jovem, e o governo não se estiver distraindo com políticas recessivas. No Brasil, os que têm mais idade, sofrem discriminações que nenhum político supera. Em alguns setores (áreas de oferta oligopolizada como aviação civil), se o profissional perde o emprego, é difícil arranjar outro porque lhe falta experiência em outras profissões.

Com essas ressalvas, a experiência mostra que jovens desempregados por longo tempo, devem gastar seu dia indo a agências e não a políticos. Se ele for bom, e atender aos requisitos do mercado de trabalho, estará empregado. O que é do homem, o bicho não come. Se não for, não se empregará, nem que o político fique de joelhos. E, se se empregar, será demitido no mês seguinte. O empresário que empregasse funcionários em função de pedidos políticos, iria rapidamente à falência.

Há a ressalva do serviço público, onde competentes e incompetentes conseguem posições. Mas a lei diz que a admissão nesses casos, só se faz por concurso. Meu raciocínio então continua válido, exceto se aceitarmos irregularidades como fatos rotineiros.


in À noite todos o s gatos são pardos (Antologia de provérbios); Valle. Alvaro Bastos do – Léo Christiano Editorial – Rio de Janeiro, 1997
Ilustração: Guinigui

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