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Ainda que se persigam os gatos por motivos hygienicos, não impede, isso, que elles tenham tido grandes amizades entre os homens mais illustres das letras.
Victor Hugo tinha o seu "Conego" favorito, um gato roçagante e bonito, possuidor de longos bigodes, de olhos verdes e pello que parecia seda. Era immodesto, manso se o acariciavam, fugidio e até aggressivo se não faziam grande caso delle. Occupava o melhor divan do gabinete do poeta e nínguem se atrevia a tiral-o dali.
Richelieu tinha varios gatos favoritos, distrahindo-o muito os seus saltos e cabriolas, que enchiam os seus momentos de descanso.
Baudelaire era muito acanhado e quando visitava pessoas com quem não tinha grande confiança quasi perdia o uso da palavra. Entretanto, bastava que tivesse um gato sobre os joelhos para que se transformasse em amavel conversador.
Chateaubriand tambem era grande amigo dos gatos e ao ser nomeado secretario da Embaixada Franceza em Roma, o pontifice Leão XII presenteou-o com o seu proprio gato favorito, chamado "Micetto".
Durante o seu desterro, em Londres viveu em casa de uma tia éxcentrica irlandeza senhorita O' Larry, da qual dizia em carta um amigo: "É uma pessoa muito sympathica e com a qual me dou muito bem. Unidos ambos pelo affecto dos gato choramos actualmente a perda de dua gatinhas preciosas, brancas, como o arminho, á excepção da extremidade da cauda, que era negra."
O humorista americano Mark Twain, teve dois gatos chamados Satanaz e Peccado, aos quaes queria como á menina dos seus olhos, e a sra. Janotha, pianista da Corte Britannica, tinha um chamado "Marquez de Haddock", baptizado pelo kaiser Guilherme II, com a alcunha de Othello por motivo do seu pello retinto.
in Revista Popular Brasileira; Moraes, J. da Silva e Gimeno, Francisco; nº 43, pag. 44; Rio de Janeiro, 09-05-1925
Ilustração: Cat and Bird; Klee, Paul, 1928 (MOMA)
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