Cenário
Diante da casa de SIMBITA. Um caminho entre arbustos, alguns degraus, frente da casa com porta e duas janelas. Em cima escrito: "Lar de Simbita". Mais embaixo uma tabuleta dizendo: "É proibida a entrada de Mosquitos, Feiticeiras e Cobradores." No momento em que sobe o pano, a cena está vazia, a casa com as portas e janelas fechadas. Entra SACI. Na frente da casa existe um sino. O SACI vem muito alegre, cantando sua canção favorita. Carrega uma marmita.
SACI — Saci Pererê / Vai pegar você! / Saci Pererê / Vai pegar você!
(Detém-se diante da casa, puxa a cordinha tocando o sino. Abre-se uma janela bem devagar e o PIRATA DA PERNA DE PAU bota a cabeça de fora com muita cautela.)
PIRATA — Quem é?
SACI — Pensão!
PIRATA — Que é que tem na marmita?
SACI — Tutu de feijão com torresmos.
PIRATA — Opa! (Estende o braço para apanhar a marmita.) Pode entregar!
SACI — Primeiro tem que pagar.
PIRATA — Pago amanhã.
SACI — Tem que ser agora, senão eu volto.
PIRATA (Estendendo a cabeça um pouco e olhando para todos os lados com receio de ser visto.) — Olha aqui, Saci, se deixar comida aqui para mim durante cinco dias eu prometo dar a você um carneirinho que quando fica triste chora diamantes.
SACI — Não quero. Eu quero é fumo.
Quem escreveu a história de Simbita e o Dragão é a pioneira do teatro para crianças no Brasil. A jornalista e escritora Lucia Benedetti, autora desta divertida história sobre um marinheiro que enfrenta um dragão e um pirata, em meio a fadas, sacis e formigas, inaugurou com outra deliciosa história, a do Casaco encantado, 1948, a tradição do teatro infantil em nosso país.
Para quem começou a inventar o teatro para crianças, Lucia Benedetti nunca deixou de manter o encanto que vestiu sua primeira peça. Em Simbita e o Dragão, o marinheiro luta contra inimigos poderosos que se transformam em amigos e ganha o prêmio de viajar por caminhos inimagináveis num barco que cabe na mão. Pela magia da contadora de histórias, tudo vira encantamento.
Macksen Luiz
in Simbita e o Dragão; Benedetti, Lucia – Editora José Olympio – Rio de Janeiro, 2003
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