O signo poético-semiótico, que vela e revela a natureza da linguagem, que é um possível de formas, que é a linguagem (homem) nascendo — ou que a quase-propõe — é um proto-signo ou quase-signo.
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E pré-constelacional, tal como o quasar, fonte de energia dos chamados corpos quase-estelares.
E pré-constelacional, tal como o quasar, fonte de energia dos chamados corpos quase-estelares.
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Já não é o caos, ainda não é a ordem. É um primeiro primeiro, o primeiro bit de informação da linguagem, a primeira precisão da imprecisão, a primeira determinação da indeterminação, entendendo-se por primeiro um processo de ser primeiro sem ser primeiro sendo primeiro, fosse possível eliminar o verbo ser: primeiro sem primeiro primeiro.
Já não é o caos, ainda não é a ordem. É um primeiro primeiro, o primeiro bit de informação da linguagem, a primeira precisão da imprecisão, a primeira determinação da indeterminação, entendendo-se por primeiro um processo de ser primeiro sem ser primeiro sendo primeiro, fosse possível eliminar o verbo ser: primeiro sem primeiro primeiro.
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É aquele tempolugar de que fala Peirce em sua Cosmologia 23: na poeira de sentimentos desrelacionados do caos surgem partículas (bits) de semelhança.
É aquele tempolugar de que fala Peirce em sua Cosmologia 23: na poeira de sentimentos desrelacionados do caos surgem partículas (bits) de semelhança.
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Primeiro veio a similaridade, depois a contigüidade.
Primeiro veio a similaridade, depois a contigüidade.
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O quase-signo não é uma coisa, é uma relação, um processo. Está em todas as operações semióticas de base, fundantes — em todas as operações de saturação do código, em todas as traduções, em todas as operações inter e pansemióticas.
O quase-signo não é uma coisa, é uma relação, um processo. Está em todas as operações semióticas de base, fundantes — em todas as operações de saturação do código, em todas as traduções, em todas as operações inter e pansemióticas.
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É primeiro e último-primeiro.
É primeiro e último-primeiro.
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O interpretante satura o código simbólico e reverte ao ícone: da extrema diferenciação reverte à indiferenciação, que nunca é a mesma, pois já constitui outro interpretante: é o Mal de Usher: Está nos extremos da escala informacional: originalidade e redundância quase totais. Mallarmé e Oswald de Andrade.
O interpretante satura o código simbólico e reverte ao ícone: da extrema diferenciação reverte à indiferenciação, que nunca é a mesma, pois já constitui outro interpretante: é o Mal de Usher: Está nos extremos da escala informacional: originalidade e redundância quase totais. Mallarmé e Oswald de Andrade.
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Os signos informam mais em seus começos, como o homem, como as revoluções: possibilizam mais.
Os signos informam mais em seus começos, como o homem, como as revoluções: possibilizam mais.
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O homem é o quase-signo por definição e indefinição: informação e redundância quase-totais.
O homem é o quase-signo por definição e indefinição: informação e redundância quase-totais.
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Não sem razão Peirce gosta do quase: quasi-mind, quasi-flow.
Não sem razão Peirce gosta do quase: quasi-mind, quasi-flow.
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Com o que concordava Valéry, que detestava as imprecisões, mas reconhecia que sem um à peu pres a vida não seria possível.
Com o que concordava Valéry, que detestava as imprecisões, mas reconhecia que sem um à peu pres a vida não seria possível.
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O à peu pres é o quase que permite a descoberta, o mais-ou-menos heurístico: atirar pedras à frente do caminho, limpando por ora a barra da sobrevivência nos cosmos.
O à peu pres é o quase que permite a descoberta, o mais-ou-menos heurístico: atirar pedras à frente do caminho, limpando por ora a barra da sobrevivência nos cosmos.
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E o zerograma de uma série estocástica. Não é diacronia, nem sincronia; história, nem cosmos; ser, nem não-ser — dicotomias inexistentes. O código chamado binário — 0/1, sim/não — é uma relação, envolve um terceiro.
E o zerograma de uma série estocástica. Não é diacronia, nem sincronia; história, nem cosmos; ser, nem não-ser — dicotomias inexistentes. O código chamado binário — 0/1, sim/não — é uma relação, envolve um terceiro.
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Um quase-nada que preenche tudo.
Um quase-nada que preenche tudo.
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As abreviaturas extremas chegam ao quase-signo, num percurso usheriano do Interpretante: cruz, "om", e=mc2, estrela, foice-e-martelo.
As abreviaturas extremas chegam ao quase-signo, num percurso usheriano do Interpretante: cruz, "om", e=mc2, estrela, foice-e-martelo.
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Cole Porter diria que é the smile on lhe Mona Lisa, lhe inferno o'Dante and lhe nose on lhe great Durante 24.
Cole Porter diria que é the smile on lhe Mona Lisa, lhe inferno o'Dante and lhe nose on lhe great Durante 24.
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Duas deindefinições por Edgar Allan Poe:
Duas deindefinições por Edgar Allan Poe:
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And yet it need not be — (that object) hid
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And yet it need not be — (that object) hid
From us in life — but common — which doth lie
Each hour before us — but then only, bid
With a strange sound, as of a harp-string broken,
To awake us — 'T is a symbol and a token
Of what in other worlds shall be — 25
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Unthought-like thoughts that are the soul of thoughts 26.
Unthought-like thoughts that are the soul of thoughts 26.
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Está no início de um prelúdio de Chopin, quase feito só de inícios; na Opus 21, de Anton Webern, feita só de inícios; no Coup de dés, em Giorgione, em Maso di Banco, em Volpi, na palavra amor.
Está no início de um prelúdio de Chopin, quase feito só de inícios; na Opus 21, de Anton Webern, feita só de inícios; no Coup de dés, em Giorgione, em Maso di Banco, em Volpi, na palavra amor.
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Umberto Eco chegou, teria chegado lá, com sua opera aperta, não a tivesse overworked. Limitou-a com restringi-la à música e ao "pensamento" seriais e à interpretação pelo receptor da mensagem; alargou-a ao identificá-la com o signifiant, com a estrutura ausente e o seu vazio, via Barthes: forma que a história passa o tempo a preencher. Até, pelo que me lembre, lembrando-me de Oswald, na Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen, essa idéia comparece.
Umberto Eco chegou, teria chegado lá, com sua opera aperta, não a tivesse overworked. Limitou-a com restringi-la à música e ao "pensamento" seriais e à interpretação pelo receptor da mensagem; alargou-a ao identificá-la com o signifiant, com a estrutura ausente e o seu vazio, via Barthes: forma que a história passa o tempo a preencher. Até, pelo que me lembre, lembrando-me de Oswald, na Teoria Pura do Direito, de Hans Kelsen, essa idéia comparece.
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O que não é comunicação é quase-signo.
O que não é comunicação é quase-signo.
Comunicação = imitação = redundância.
O que não é imitação é quase-signo.
Quase-signo é o Acaso.
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Com razão Jackson Pollock suspeitava, em suas últimas obras, que ali havia algo que não era comunicação.
Com razão Jackson Pollock suspeitava, em suas últimas obras, que ali havia algo que não era comunicação.
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Se todos se comunicassem totalmente com todos, teríamos a homogeneidade total do caos humano: tudo previsível. A morte ao vivo.
Se todos se comunicassem totalmente com todos, teríamos a homogeneidade total do caos humano: tudo previsível. A morte ao vivo.
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Ce qu'on sait n'est pas à soi — dizia Marcel.
Ce qu'on sait n'est pas à soi — dizia Marcel.
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Aquele bit de informação que nos diferencia dos outros, que faz o eu de um eu, o você de um você, o ele de um ele — é o quase-signo. Melhor, um quase-signo, que ele é sempre um qualitativo de cada vez.
Aquele bit de informação que nos diferencia dos outros, que faz o eu de um eu, o você de um você, o ele de um ele — é o quase-signo. Melhor, um quase-signo, que ele é sempre um qualitativo de cada vez.
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O signo contra a vida regeneração da vida em Lacan, empregando símbolo na acepção corrente: "Ainsi le symbole se manifeste d'abord comme meurtre de la chose, et cette mort constitue dans le sujet l'éternisation de son désir" 27.
O signo contra a vida regeneração da vida em Lacan, empregando símbolo na acepção corrente: "Ainsi le symbole se manifeste d'abord comme meurtre de la chose, et cette mort constitue dans le sujet l'éternisation de son désir" 27.
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O quase-signo não é forma preenchível, mas que preenche, ante-proto-quase-projeto que é de formas — e, portanto, de significados.
O quase-signo não é forma preenchível, mas que preenche, ante-proto-quase-projeto que é de formas — e, portanto, de significados.
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Aí está o mundo (quase-signo): digam e façam dele o que quiserem ou puderem (interpretante): aí está o mundo.
Aí está o mundo (quase-signo): digam e façam dele o que quiserem ou puderem (interpretante): aí está o mundo.
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Um poema é um quase-signo.
Um poema é um quase-signo.
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(23) "Neste caos de sentimentos, partículas de semelhança apareceram e foram tragadas. Reapareceram por acaso. Ligeira tendência à generalização manifestou-se aqui e ali, para ser sufocada. Reapareceram, ganharam corpo. O igual começou a produzir o igual. E até pares de sentimentos desiguais começaram a ter similares e começaram a generalizar-se. E dessa forma, relações de contigüidade, ou seja, conexões outras que não as de semelhança, vieram à tona" (8.316 a 318 — Carta a Christine Ladd-Franklin).
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(23) "Neste caos de sentimentos, partículas de semelhança apareceram e foram tragadas. Reapareceram por acaso. Ligeira tendência à generalização manifestou-se aqui e ali, para ser sufocada. Reapareceram, ganharam corpo. O igual começou a produzir o igual. E até pares de sentimentos desiguais começaram a ter similares e começaram a generalizar-se. E dessa forma, relações de contigüidade, ou seja, conexões outras que não as de semelhança, vieram à tona" (8.316 a 318 — Carta a Christine Ladd-Franklin).
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(24) PORTER. Cole. Canção You're the top (1936), por Ethel Merman, "Hollywood sings", v. 1 — "The Girls", Londres, Decca, 1964.
(24) PORTER. Cole. Canção You're the top (1936), por Ethel Merman, "Hollywood sings", v. 1 — "The Girls", Londres, Decca, 1964.
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(25) POE, Edgar A. Stanzas. Antologia selecionada, editada e anotada por Philip Van Doren Stern, N. York, The Viking Press, 1951, p. 600. O quase-signo comanda as boas traduções, embora seja, ele mesmo, intraduzível. Aqui vai uma, incerta e má: "No entanto, ele não precisa existir (ser) — (aquele objeto) oculto / De nós na vida — mas comum — que está / Em cada hora ante nós — mas só então, enviado / com estranho som, como de corda de harpa quebrada / Para acordar-nos — ELE é um símbolo e um penhor / Daquilo que será em outros mundos".
(25) POE, Edgar A. Stanzas. Antologia selecionada, editada e anotada por Philip Van Doren Stern, N. York, The Viking Press, 1951, p. 600. O quase-signo comanda as boas traduções, embora seja, ele mesmo, intraduzível. Aqui vai uma, incerta e má: "No entanto, ele não precisa existir (ser) — (aquele objeto) oculto / De nós na vida — mas comum — que está / Em cada hora ante nós — mas só então, enviado / com estranho som, como de corda de harpa quebrada / Para acordar-nos — ELE é um símbolo e um penhor / Daquilo que será em outros mundos".
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(26) POE, Edgar A. "To____ ____ ", Ob. cit., p. 628: "Pensamentos como que nã(o-pensados que são a alma do pensamento",
(26) POE, Edgar A. "To____ ____ ", Ob. cit., p. 628: "Pensamentos como que nã(o-pensados que são a alma do pensamento",
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(27) Apud U. Eco. ob. cit., p. 337: "Assim o símbolo se manifesta primeiro como assassinato da coisa, e essa morte constitui no sujeito a eternização de seu desejo".
(27) Apud U. Eco. ob. cit., p. 337: "Assim o símbolo se manifesta primeiro como assassinato da coisa, e essa morte constitui no sujeito a eternização de seu desejo".
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in Semiótica e Literatura; Pignatari, Décio – Perspectiva – São Paulo, 1974
Ilustração: City lights; by Guinigui
Um comentário:
mais erudito, mais erodido, será ouvido?
Fodido!
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