quando garrincha dribla, fica.
o adversário retém
na memória
a imagem da bola
entre os parênteses
das pernas tortas.
quando garrincha dribla, fica.
o adversário crava
na memória
a imagem da bola
qual uma seta
no retesado arco
das pernas tortas.
quando garrincha dribla, fica
o adversário
pra contar a história
de uma camisa
cujo sete às costas
conduzia a bola
qual uma seta
no retesado arco
das pernas tortas.
b)
se não driblas, o alambrado
é a tela de um viveiro
onde te fazes prisioneiro.
se driblas, és um mágico
a liberar os muitos pássaros
do teu nome
enquanto os cartolas dão tratos à bola
e te fintam fora do gramado.
hoje, onde o pássaro que foste?
no ar entre aéreo e sonado
com que desfilas as tuas pernas
na alegoria de um carro?
.
in Poetas Contemporaneos;; Alves, Henrique L.; Roswitha Kempf - São Paulo - 1985
.Imagem: Internet
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