maio 14, 2007
de longe...
...No romance de Joaquim Manoel de Macedo, Memórias de um sargento de milícias, observa-se que a aproximação era mais fácil nas classes populares quando comparada com as elites. O namoro de Leonardo, filho de uma “valente pisadela” e um “tremendo beliscão”, com a filha da comadre rica, D. Maria, não tinha nada de restritivo. Ao contrário, não havia sequer vigilância cerrada sobre o casal que se encontrava só, muitas vezes. Da mesma forma, a passagem de Leonardo pela casa de Tomás da Sé permite a ele namorar, beijar uma das moças sem nenhum problema.
...No meio rural, tudo indica, seguiam-se regras estritas. Um exemplo é a descrição que a personagem Dona Picucha Terra Fagundes — do romance épico O tempo e o vento do escritor gaúcho Érico Veríssimo — faz sobre amores do Sul em meados do séculos XIX:
Pra contar não tenho muito. Mas sou filha do velho Horácio Terra, negociante no Rio Pardo. Me casei muito menina com um tropeiro de Caçapava. Quem me escolheu marido foi meu pai, sem pedir a minha opinião. Quando vi, estava noiva. O moço vinha uma vez por semana, mas ficava na sala proseando com o Velho. Eu mal tinha licença pra espiar pela fresta da porta. E fomos muito felizes, graças a Deus Nosso Senhor.
in História do amor no Brasil; Priore, Mary Del – Contexto – São Paulo, 2005 – Ilustração Waldomiro Sant’Anna
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