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O otimismo, para que tudo dê certo, é muito mais que meio caminho andado. A larga maioria dos nativos rega tal convicção com inextinguível desvelo, mesmo quando tudo dá errado. Isso vale ao torcer pelo seu time, ao planejar os negócios, ao sonhar com o amor. Se você exerce o espírito crítico, se tenciona pesar com um mínimo de realismo os prós e os contras, expõe-se à pecha de amargo, pessimista, inimigo da pátria. O que equivale a querer o mal dos semelhantes, talvez a provocá-lo — e assim faz sentido, pois se otimismo gera o bem, o que haverá de suscitar seu oposto, o pessimismo?
Como se vê, os nativos não confiam em si mesmos, e sim na interferência do sobrenatural, o qual, não se sabe por que, estaria sempre à espreita da ocasião de agir em seu proveito.
Anotação no caderno de apontamentos, manuscrita.
in O castelo de âmbar; Carta, Mino – Record – Rio de Janeiro, 2000
maio 22, 2007
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