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Um prostituto propõe uma classificação singular dos clientes segundo sua experiência subjetiva:
— O cliente piedoso: "Compassivo, aparece com um discurso do tipo: 'você tem que deixar essa vida, tem que transar por amor porque vai se arruinar'. Dá todo tipo de conselhos, acreditando que assim a gente não vai cobrar ou vai cobrar menos. Ou vai ter compaixão do seu jeito de bonzinho para não arrebentar ele. Embora a gente pegue o relógio dele, o cara não reage, continua dando umas de mártir".
— O cliente depressivo: "São terríveis, caras que estão acabados, querendo se suicidar, choram, embebedam-se, provocam nojo e lástima. Um caso: o cara gemia, choramingava, podia ter roubado tudo, mas senti pena".
— O namorado: "Ficam apaixonados pela gente, perseguem, querem morar junto, prometem tudo. Insuportáveis. Um deles não me deixava faturar, enchia o saco no pedaço, como eu nem ligava ameaçou-me de morte, tive que sair um tempo do pedaço porque era séria a coisa, ele estava maluco e era capaz de fazê-lo".
in O negócio do michê, prostituição viril em S. Paulo; Perlongher, Osvaldo Néstor – Brasiliense – São Paulo, 1987 — Foto: Inêz Guerreiro
maio 18, 2007
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