maio 09, 2007
O olho de Picasso
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O olho de Picasso viu Guernica
Eu vi o olho de Picasso
Por cima, por sobre, por fim
Por baixo, por dentro, por tudo
Pode porventura haver o olho
O olho de Picasso, o dos dedões dos pés?
Antes do vídeo, antes do áudio
Antes do hoje, do chip, do soft e do pós
Antes até do minotauro, o antigo
Antes mesmo da Pérsia, das Índias e do Egito
Antes de ti, também, leitor
O olho de Picasso viu Guernica
É bom portanto um bom lavolho
Ou água boricada, fria
Ou mesmo o suco dissolvido de um limão
Ou ler as cartas
Ou ver o sol
Ou fixar atento a luz de um refletor
Antes de ver, você, o olho de Picasso
in O Lamento de Píndaro; Pimentel, Cid – Hucitec – São Paulo, 1987
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Um comentário:
O olho que molha,
marejado de bombas.
A bomba que assombra,
o olho.
A sombra do mal,
que acolho.
Nos traços que pinto,
minto.
Nos traços do olho,
que sou.
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