março 26, 2007
Aos que choram
De todas as provas por que temos de passar, a partida para o além, dos nossos queridos, é, sem dúvida, uma das mais dolorosas.
Notai que não dizemos a “mais dolorosa”, porém, “uma das mais”. E assim nos expressamos, porque aos nossos entes extremecidos podia suceder alguma coisa que nos ferisse mais profundamente que a própria morte: a prática de um crime aviltante, a degradação moral ou a escravisação de um vício torpe como a embriaguês, o jogo, os entorpecentes, as orgias. Reputamos êstes casos mais angustiosos que a morte. E não será acaso, isto, um motivo já de consolação?
Certamente, que sim.
Temos por costume chorar e lamentar muito a partida das pessoas boas e justas. Pois, quanto melhores elas tinham sido nesta existência, menos razão nos assiste para chora-las. Si é verdade que existe além do tumulo uma outra vida — a real e imperecível — onde habita a justiça e impera o amor, elas estarão fruindo o justo galardão dos bons predicados que possuem.
Sofreram muito nêste mundo? Foram duros os revézes e os padecimentos que suportaram nesta existência? Lá está, para tudo reparar e retribuir, a indefectível justiça divina expréssa nesta sentença: A cada um será dado segundo suas obras. Se foram bôas as obras de nossos queridos, porque, então, lamenta-los?
Se somos crêntes, a fé que professamos deve ser bastante fórte paraconsolar-nos, para mitigar a dôr que nos compunge nos transes angustiosos por que passamos. Lembremo-nos que ha de ser precisamente nas horas de amargura que a nossa fé ha de valer.
in Reformador: Mensário religioso de Espiritismo Cristão – Federação Espírita Brasileira – Rio de Janeiro, 1952
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