.
.
Muitas vezes acontece que a personalidade desaparece e que a objetividade se desenrola tão esdruxulamente que as contemplações dos objetos do ambiente nos fazem esquecer a nossa própria existência e perder-nos através deles. Suponhamos que você olhe para uma árvore que se agita graciosamente ao vento; dentro de poucos minutos aquilo que na mente de um poeta pode ser mera comparação natural se toma realidade para você. Primeiro, você atribui à árvore a sua paixão, o seu desejo ou a sua melancolia, os murmúrios e o farfalhar da árvore se tomam seus, não tardando que você seja aquela árvore. Do mesmo modo, um pássaro alcandorado primeiramente representa o imortal desejo de voar acima das coisas humanas, mais eis que você já é de súbito aquêle pássaro. Similarmente, se você está fumando, devido a uma transposição ou a um qui pro quo intelectual você se sente como que se evaporando, e atribuirá ao seu cachimbo – onde você se sente amassado e misturado com o tabaco – o estranho poder de fumar ou de queimar a pessoa de você.
in As drogas e a mente; Ropp, Robert S. De – Ibrasa – São Paulo, 1987
março 17, 2007
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário