março 21, 2007

O elogio do marinheiro e da noiva



Quando cantava uma partida próxima
Ou em aflito esperar pelo dia, ou
Como fazem ifigênias iguais em todo porto
Repetindo o balé já sabido por ambos,
Assim ou assado, tanto se lhe dá (ou come),
Principalmente agora, outros rituais, talvez.
Cem por cento, ou cem por uma?
Na seleção dos gestos, roupas e atavios,
Lã do encostar doce-molente em cada corpo,
Corpos lavados, lisos, penteados,
Um pouco de dinheiro novo é bom.
Talvez o grito, o gozo, seja falso hoje,
Talvez não hoje, mas amanhã, quem sabe?
Existe mesmo o toque do sagrado, é certo.
Existe mesmo o toque do sagrado.
Não fora assim, porém, fácil seria o erro,
O mesmo antigo, eterno e sempre branco alvo
Vestido lógico, comum de dois somente:
A Noiva,
O Marinheiro.


in Os originais; Pimentel, Cid – Hucitec – São Paulo, 1986 – Ilustração: Guinigui

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