setembro 30, 2008

Any bucks



O FOLHETO É UM REAL,
DE COMPRÁ-LO NÃO SE NEGUE.
NÃO COMPRANDO, SE ARREPENDE
PORQUE O CÃO LHE PERSEGUE
A DESGRAÇA LHE PROCURA
E A DESVENTURA LHE SEGUE.

in As Aventuras do Filho de Antonio Cobra Choca; Monteiro, Manoel – Campina Grande, PB; 2001

Un Chant d'Amour


1950, Runtime: 25 minutes

(From Wikipedia entry:
Un Chant d'Amour)

Un Chant d'Amour is French writer Jean Genet's only film, which he directed in 1950. Because of its explicit (though artistically presented) homosexual content, the 26-minute movie was long banned and was also disowned by Genet
later in his life.

The plot is
set in a French prison, where a prison guard takes voyeuristic pleasure in observing the prisoners perform masturbatory sexual acts. In two adjacent cells, there are an older Algerian-looking man and a handsome convict in his twenties. The older man is in love with the younger one, rubbing himself against the wall and sharing his cigarette smoke with his beloved through a straw.

The prison guard, apparently jealous of the prisoner's relationship, enters the older convict's cell, beats him, and makes him suck on his gun in an unmistakably
sexual fashion. But the inmate drifts off into a fantasy where he and his object of desire roam the countryside. In the final scene it becomes clear that the guard's power is no match for the intensity of attraction between the prisoners, even though their relationship is not consummated.

Genet does not use sound in his film, forcing the viewer to completely focus on closeups of
faces, armpits, and semi-erect penises. Originally produced as a porn movie of sorts, the film with its highly sexualized atmosphere has later been recognized as a formative factor for works such as the films by Andy Warhol.
 
Para assistir ao filme >>> clicaqui <<<
 

Compreensão das respostas



...O cuidado com a vaca traz boa fortuna. A docilidade e aceitação da vaca resumem a atitude que conduz à claridade. Para sermos dóceis, devemos abdicar de toda resistência ao que está acontecendo e não rejeitar a situação. Aceitamos cada virada e reviravolta dos acontecimentos como algo útil e essencial ao processo criativo. Aderindo docilmente ao que é bom em nós e nos outros, mesmo que essa parte boa seja como a menor das brasas, conseguiremos manter-nos afastados do poder inferior. Quando os outros forem ásperos, poderemos ser embotados, capazes de manter uma perspectiva moderada e justa sobre nossos erros e os deles. Assim, a docilidade permite que a claridade e a independência interior retornem.
...O poder do bem jaz na consistência de nossa determinação em servir ao Poder Superior. Assumimos um interesse ativo no resgate dos outros quando lhes damos espaço para que encontrem seu caminho; podemos conceder-lhes tal espaço se aderimos às suas verdadeiras naturezas, pouco importando quanto dessa natureza ficou eclipsado e por quanto tempo. A aderência a estas realidades interiores provoca a superação daquela situação renitente e produz uma revolução na atitude das pessoas.
...Ao mantermos a docilidade, é importante que não julguemos as coisas unicamente por sua aparência externa, pois agindo assim perderemos o senso da verdade interior da questão. Para tal, será vantajoso apegar-nos à perspectiva de que "as coisas são como têm de ser", com propósitos que não somos capazes de ver. Se apenas conseguirmos nos concentrar em fatores externos, os culpados são a vaidade, o desejo ou o medo. Queremos saber como nos parecem as circunstâncias externas ou receamos que os outros interpretem mal nossa falha – a falta de uma tomada de posição. Devemos resistir vigorosamente às considerações e demandas da vaidade, às perturbações em nosso equilíbrio, provocadas pelo desejo.
...Com freqüência, os que invejam nossa independência interior procuram atrair-nos para o jogo da lisonja. Eles querem saber se nossa força é real. Se conseguirem perturbar nosso equilíbrio, contentar-se-ão em não crescer, presos à sua rigidez defensiva. Se conseguirem nos deixar ameaçados, seu ego terá conquistado uma vitória.
...Talvez mais importante do que os desafios a nós apresentados pelos outros seja que isto nos leve a descobrir dúvidas que ainda tenhamos sobre nós ou nosso caminho. Descobertas estas dúvidas, poderemos lidar com elas. A docilidade e o afastamento são as únicas respostas corretas a tais desafios. Assim que eliminarmos a vaidade de saber como os outros nos vêem, a docilidade surge fácil. Esta docilidade permite que compreendamos e sejamos pacientes, conosco e com os outros.

in O Guia do I Ching; Anthony, Carol – Nova Fronteira – Rio de Janeiro, 1990

Candomblés na Bahia


CAPÍTULO V

1

...A liturgia nagô serve de padrão e modelo para as festas de todos os candomblés, com pequenas alterações que não modificam essencialmente a sua fisionomia.
...O tempo de iniciação, entre os nagôs e os jêjes de cerca de um ano, vai-se reduzindo com os Angolas e os Congos, até ficar em apenas 17 dias entre os caboclos, ou mesmo zero, em certos casos. Se as filhas nagôs e jêjes se dedicam, por toda a vida, a um único orixá, os Angolas e os Congos, e especialmente os caboclos, podem receber em si dois, três ou mais encantados. As filhas nagôs e as vôdúnsi jêjes, quando possuídas pelos deuses, dançam de olhos fechados, com movimentos para dentro do círculo. Os candomblés de Angola e do Congo seguem mais ou menos esse exemplo, mas os encantados caboclos dançam de olhos abertos, com movimentos para fora. A dança dos candomblés nagôs e jêjes, e em menor escala Angola e Congo, é pesada, desgraciosa e monótona, quase senhorial, exigindo movimentos apenas de braços e pernas, exceto em determinadas ocasiões, enquanto a dança dos candomblés de caboclo é animada, vivaz e decorativa, permitindo muito de iniciativa pessoal, com flexões do tronco e dos joelhos e súbitas reviravoltas do corpo. Os deuses, depois de manifestados, em todos os candomblés, são recolhidos para o interior da casa e vestidos com as suas paramentas especiais. Os candomblés de caboclo, entretanto, quase nunca seguem esse costume – e é comum que se dance mesmo com a vestimenta profana. Entre os deuses nagôs e jêjes, somente Ossãe fuma, somente Exu come cachaça e fumo, mas, entre os caboclos, a Caipora e o Boiadeiro pitam cachimbo, Martim-Pescador bebe canadas de cachaça e os demais encantados fumam charuto. Nos candomblés nagôs e jêjes, os atabaques são percutidos com cipós chamados ôghidavís; nos candomblés de Angola e do Congo, ora com os ôghidavís, ora com as mãos; nos candomblés de caboclo, invariavelmente com as mãos. As insígnias dos ôrixás nagôs e jêjes vão perdendo as suas características, nos candomblés de Angola e do Congo, pela sua substituição por objetos semelhantes, singulares ou curiosos, e são gradual ou totalmente eliminados nos candomblés de caboclo. Somente nos candomblés de caboclo pode suceder que pessoas completamente estranhas à casa, quando em transe, dancem, sem cerimônia, em meio aos demais encantados.
.
Oxunmarê

7

...Os candomblés obedecem a certos ritos de purificação, destinados a preparar a casa para o novo ciclo anual de festas.
...Em todos os candomblés se realiza, numa determinada sexta-feira do ano, a festa da água de Oxalá. Esta cerimônia, no Engenho Velho, se realiza na última sexta-feira de agosto e no Opô Afonjá (Aninha) na última sexta-feira de setembro. Às primeiras horas da manhã, ainda com escuro, as filhas, completamente vestidas de branco, vão em procissão à fonte que serve ao candomblé, carregando talhas, potes, moringas, quartinhas e outros vasos de barro, em meio a cânticos e danças, buscar água para renovar a provisão da casa. No barracão, os atabaques roncam, enquanto as filhas, em coluna simples, com a vasilha ao ombro, fazem o caminho entre a casa e a fonte, à luz vacilante da aurora. A noite, nesse mesmo dia, o candomblé está em festa. Outra versão da água de Oxalá é a matança de Oxunmarê, realizada por alguns candomblés no Ano-Bom, com a circunstância de que se sacrificam animais para Oxunmarê, o arco-íris, e não para Oxalá.
...Os presentes para a mãe-d'água e o caruru de Cosme e Damião, como abrem os caminhos, são de certa maneira cerimônias de purificação de que os candomblés, coletivamente, se podem valer.
...Os ogãs usam o copo d'água para limpar os seus passos.
...As filhas, quando se sentem necessitadas de purificação, fazem bôrí (dão de comer à cabeça) ou lavam as suas contas. Estas cerimônias implicam na idéia de pecado, por ação ou por omissão, – o desleixo no culto dos deuses. O bôrí se realiza no interior do candomblé e tem por objetivo aplacar as iras do orixá, considerado dono da cabeça da filha, livrar a pessoa de preocupações e dar-lhe saúde. O chefe do candomblé faz uma mistura de ôbi, ôrôbô, ôri e limo da Costa, que esfrega sobre o crânio da filha, e em seguida faz correr sobre a sua cabeça (e, portanto, sobre o orixá) o sangue dos animais prediletos do deus, sacrificados no momento. O bôrí se faz sobre uma esteira e a filha deve estar ajoelhada durante a cerimônia. A lavagem das contas (que representam o ôrixá da pessoa), com sabão da Costa e as folhas especiais do deus, é outra cerimônia de purificação muito comum, com o mesmo resultado do bôrí.
...Homens e mulheres podem, anualmente, purificar o corpo e o espírito a 24 de agosto, na misteriosa fonte de São Bartolomeu, nas vizinhanças de Pirajá, – uma pancada d'água, escondida na floresta, que cai do alto de uma penedia batida por ligeiro raio de sol, em que por vezes surge a serpente do arco-íris.



13

...Os dias da semana são distribuídos, de acôrdo com a tradição nagô, pelos vários orixás, obtendo-se o seguinte quadro:

Segunda-feira – Exu e Omôlu.
Terça-feira – Nanã e Oxunmarê.
Quarta-feira – Xangô e Yansã.
Quinta-feira – Oxóce e Ogún.
Sexta-feira – Oxalá.
Sábado – Yemanjá e Oxún.

...Há certa lógica nesta combinação dos orixás. Na terça-feira, temos a chuva e o arco-íris; na quarta, os raios e os ventos, – a tempestade; na quinta, a caça e as artes manuais; no sábado, a água do mar e a água doce. A sexta-feira é consagrada a Oxalá por influência do catolicismo, mais exatamente do culto do Senhor do Bonfim. Na segunda-feira, Exu garante a felicidade dos dias seguintes e Omôlu garante a saúde e o bem-estar, purificando a semana.
...O domingo se dedica coletivamente a todos os ôrixás.
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Oxalá

(Cap. I – 3)

...Vejamos agora o barracão – tal como era até 1948, pois, em parte por influência deste livro, dele resta apenas a coluna central.
...Esta sala das festas mede 11,65 m de comprimento por 10,20 m de largura, tem duas portas, uma sobre a ala esquerda (h), outra sobre a ala direita (i), e cinco janelas de pouco mais de um metro de largura, três sobre a ala esquerda, duas sobre a outra face do edifício. Três outras portas abrem para os cômodos interiores. A área do barracão era grandemente diminuída em virtude do espaço reservado aos assistentes femininos (a), que media ora 0,90 m, ora 0,85 m, pelo altar católico (b), pelo assento de Exu (c), pelas cadeiras de confirmação dos ogãs (d) e das ékédes (g), pelo lugar reservado à orquestra (f) e pela coluna central (e), que repousa sobre um estrado de madeira de pouco mais de um metro quadrado de superfície. Em redor desta coluna (e), dançavam as filhas, no sentido indicado pelas setas, e, como as filhas entravam e saíam pela porta do corredor, também este trecho ficava obstruído. Bancos de madeira e cadeiras de todos os tipos alinhavam-se na direção indicada pelas linhas interrompidas. A quantidade de ar e de luz disponível, já insuficiente em condições normais, ficava extremamente reduzida pela aglomeração de pessoas nas portas (h e i), na escadaria (j) e nas janelas do barracão. Pode-se calcular, sem grande esforço, o enorme transtorno que tal aglomeração deveria causar, especialmente nos dias de grandes festas.
...A cobertura do Engenho Velho é de simples telha-vã.
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in Candomblés da Bahia; Carneiro, Edison – 3ª Ed. – Conquista – Rio de Janeiro, 1961
Ilustrações de Carybé e Kantor

Jornal Goretti Informa:

Parcerias

Rosana Freneda e Ângela Sbragia, diretoras do Colégio Técnico Santa Maria Goretti, têm procurado, ao longo do ano de 2008, construir uma base sólida para o ensino de seus alunos dentro do segmento educacional da saúde, firmando fortes alianças com empresas, entidades e associações de renome nacional, tais como algumas das aqui citadas nos textos a seguir.

Estagiários no Hospital Brigadeiro
 
O Hospital Brigadeiro, situado próximo a avenida Paulista, abriu suas portas para acolher estagiárias do Goretti em sua divisão de podologia, onde demonstrarão, na prática, os ensinamentos obtidos.

ACM: Intercâmbio Internacional

A ACM/SP firmou importante parceria com o Goretti, que propiciará estágios de alunos do colégio em acampamentos organizados pela centenária entidade em diversas localidades dos Estados Unidos da América.

2º Seminário de Podologia Goretti

O Goretti realizou o Seminário de Podologia, coordenado por Orlando Madella Jr. e palestras de Monica Crestincov, Célia Aparecida da Silva e Dr. Marcus Maia, prof. da Fac. Ciências Médicas da Santa Casa SP.

PEPA e PIVI: Ação Comunitária

As alunas do Goretti atendem renomadas entidades: a PEPA, que atende adolescentes portadores de deficiência mental e o PIVI, com crianças portadoras do vírus HIV e outras patologias.
 
 

setembro 11, 2008

Oco do mundo



O vô do ovo



Geraldinho era pequeno e já sabia voar.
Mal falava em gansolês mas já dava loops e fazia acrobacia, eta palavra esquisita pruma coisa tão bonita.
Seus amiguinhos de turma não gostavam.
Falavam na lata — metido — e o deixavam sozinho planando no alto do céu.



Geraldinho era um só ganso nascido de um ovo só.
Como todo gansinho tinha uma gansa mãe, Madalena, a pequena e um ganso pai, Juvenal, que voava longe sempre. Às vezes voltava, outras não.
Seu grande amigo, seu avô "Seu" Praxedes, servia sempre de guia para seus vôos sozinho.



Chovesse ou fizesse sol, ventasse ou estivesse calmo, voavam, voavam, voavam.
Voltavam tarde, cansados, língua pra fora do bico, asinhas cansadas, exaustos.
Quando acordavam, cantavam, língua de gansos que voam, lambiam as asas, voavam.
Era um tempo bem feliz os tempos de Geraldinho criança. Apesar da saudade que dava ou da falta da turminha



Fred, Fifi e Malu era o trio inseparável. E também impenetrável, pelo menos para o Gê. Sim, pois agora Geraldinho virara somente o Gê.
— Se eu sou Frederico é Fred, se eu sou Filpina é Fifi e se eu sou Maria Luiziana é Malu, porque você não pode ser só Gê, Geraldinho?
— Algum problema?, berraram Fred, Fifi e Malu.
Brincando de cabra cega, correndo no pique-pique, pulando sela ou correndo, o trio seguia deixando Gê do outro lado. De fora.



E quando Gê perguntava fazendo carinha triste, o biquinho para o chão, o trio cruel respondia:
— Au au au, au au au, vai chamar o Juvenal. 
Bem sabendo, triunfantes, que o pai do Gê não voltava.
Triste, triste, muito triste, o Gê procurou seu avô pedindo colo e consolo. Colo de avô é tão bom, pensava ele tão triste.
— Porque a turma não deixa vovô? Eu queria tanto entrar, brincar, correr, ser amigo. Tão pouquinho. Mandaram chamar meu pai. Será que é porque meu pai só foi?



Praxedes sem fazer bico, seu neto ao colo, olhos ao longe falou:
— A  vida é voar e ver. Com o tempo você também vai. Quem sabe se voltará?
O Gê fez que entendeu, mas no fundo, no fundo, sacou só a primeira parte.
Guardou: A vida é voar e ver.



Passaram os tempos, os anos, os meses, semanas, dias e horas, com seus minutos, segundos.
O Gê cresceu, encorpou, ficou um ganso bonito, vistoso, bem aprumado. Um bico bate-estalar que é como se chama assim os bicudos entre os gansos.



Voavam sempre agora, todas as turmas de gansos em viagens sempre juntos.
Fifi, Fred e Malu, voavam juntos também.
E dava muita confusão. Lá no alto quando em vôo, reclamavam do Geraldo, um ganso muito metido. Dava loops, cabriolas, fazia até folha seca, coisas muito das difíceis.



— Não voa nunca certinho, não bate as asas conosco, não bico-estala em conjunto, comentava Fred bravo.
— Não fica nunca em sossego, só voa e estica o pescoço, falou Malu ofendida
— Só voa na frente, esticado e bico-estala sozinho, berrou Fifi, a gorducha, roxa de inveja e ciúmes.
Geraldo fez que não ouvia. Seguiu voando certeiro, nem respondeu aos três outros.



Ao longe, à beira do lago, Tsuru – a garça branca –, montada em seu pé, um só, saudou a passagem dos gansos.
Geraldo e todos os gansos responderam ao cumprimento, grasnando — Boa tarde prima!, e seguiram.



Olhando o sol no horizonte, o vento soprando nas penas, ouvindo e vendo passar todo tipo de pessoas, histórias, casas, paisagens, coisas, Geraldo bico estalou:
— Verdade vovô, verdade, a vida é voar e ver. E pode ser que eu nem volte.


Texto: Cid Pimentel
Ilustrações: Nicolielo