janeiro 29, 2009

Douceur de la vie



É natural que intelectuais e artistas gostem da companhia dos ricos e poderosos. À parte primitivos vocacionais, Guarnieri, Plínio Marcos, ou Henfil, eles pertencem à elite, por mais que o neguem, inclusive pregando e atuando em revoluções. As duas coisas, elitismo e "subversão", podem coexistir numa pessoa. Como fugir ao elitismo quem se sabe capaz de transformar experiência em formulação lógica, ou beleza, esse trabalhador que carrega as ferramentas na cabeça, na frase de Maugham? E riqueza e poder são esteticamente agradáveis a cérebros suscetiveis por excelência às atrações do estético. Se come melhor na mesa dos ricos, em geral (há muito novo-rico no Brasil...). As bebidas costumam ser excelentes. Há casas magníficas em que vemos, no ambiente adequado, um habitat humano, quadros só encontráveis na monotonia impessoal dos museus. Algumas mulheres, à parte cheirarem sempre bem (nada do honesto suor e desarranjo de um dia de trabalho), se vestem, pintam e penteiam em nível de modelos internacionais. E aprenderam à perfeição as artes da gueixa. O próprio rico e poderoso tem a aura, o charme perigoso, do tubarão, que, no filme aquele, me pareceu, apesar de ser de borracha, mais interessante que os caçadores, feitos de papelão histriônico. E muitos senhores viajaram, falam diversas línguas, possuem informações inacessíveis à "ignara", sabem das coisas, conhecem a variedade cultural do mundo e são, desde que não falemos de dinheiro, refinadamente tolerantes.

Os intelectuais e artistas são tão esnobes da "diferença" que os marca quanto aristocratas e bem-nascidos dos nomes. Estes, a sós, não falam de outro assunto que a ascendência que supostamente os distingue do resto dos mortais. Os intelectuais exibem maior versatilidade, mas sempre chega o momento que, a sós, comentam a indigência mental dos "outros", nem sempre caridosamente...

É uma atração entre elites. Muitos tubarões devem apreciar a elegância e inteligência dos delfins, e estes a fúria poderosa dos tubarões, que não pedem, tomam o que querem. Nada disso precisa significar compatibilidade de objetivos, ou de valores. Os vassalos da classe dirigente na imprensa e (sub)intelectualidade se irritam com o acesso do intelectual de opinião própria à grande burguesia. Cunharam o pejorativo "esquerda festiva". Wilde dizia que fala mal da (alta) sociedade quem não consegue penetrá-la. Minha opinião dos críticos da "esquerda festiva" é que gostariam de participar dela.

Há nuances, claro, entre freqüentar gente socialmente "bem-nascida", por prazer estético (os pobres são extremamente desagradáveis. É um dos motivos que tantos intelectuais de esquerda pretendem, pela revolução, elevá-los à dignidade humana que condições sociais lhes negaram), e as auto-ilusões dos que se rendem e servem aos interesses da burguesia, ainda que pela omissão. Acho mais útil bebericar com Walther Moreira Salles, que pode me ensinar fatos que a imprensa perdeu, à parte o charme do cavalheiro, do que escrever a enésima peça mostrando operários, "tadinhos", são explorados pelos capitalistas, "bicha, bicha". O Flamengo, ou o Coríntians, são times de futebol (os meus) e não magnetos da capacidade (primitiva, naturalmennte) das massas contestarem o sistema.

As novelas da TV Globo foram melhoradas, me dizem (estou fora do Brasil há quase 10 anos), pelo velho amigo Dias Gomes, que suou bravamente a camisa no teatro, tentando, inclusive, em A Invasão, fazer peça que mostrasse os destituídos, como grupo, classe, personagens centrais, evitando as fórmulas heróico-familiares em que Guarnieri e Vianinha se expressam, que terminam convertendo a idéia de crítica socialista em freudianismo (insuspeitado pelos autores). Agora, as novelas de Dias, é evidente, não incomodam o mais arguto, eficiente e próspero empresario de comunicações no Brasil, Sr. Roberto Marinho, que não esconde o conservadorismo. Logo ...

Prefiro a companhia dos excêntricos e marginais, digo, os marginais das coteries, como Jânio de Freitas, Millôr Fernandes, Cláudio Abramo, Ivan Lessa, Antonio Maria, Sérgio Porto e o Alberto Dines pós-Jornal do Brasil. Alguns se ofenderão que eu os coloque juntos. Vários gostariam de agredir-se mutuamente. Já se agrediram por escrito, se fizeram barbaridades no trato (no names, please). Politicamente, minha formação é parecida com a de Cláudio. Em temperamento, de preservar a independência e dignidade pessoais à loucura, Millôr, Jânio e o Dines que se redescobriu aos 40 anos são bem próximos. Ivan Lessa, o mais íntimo. Em comum têm que são incapazes de aderir a qualquer rebanho. Nunca foram sequer companheiros de viagem da esquerda oficial, papel a que me prestei, fechando o nariz e desenvolvendo uma violenta dermatite alérgica, entre 1960-1964.


in O afeto que se encerra; Francis, Paulo – Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1980

janeiro 26, 2009

Ele chegou, ele voltou



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Vingança do veiado

Borgelês



Escrever 

É um prazer e uma necessidade. Escrevo por efeito desse impulso misterioso da criação e tento não intervir em seu desenvolvimento. Nunca começo sem antes ver, com clareza, o princípio e o fim. Depois dito vários rascunhos, normalmente três, e sempre acompanhando a conexão temporal da história. Sim, sei que a partir de Joyce, muitos alteram essa norma e intercalam os tempos narrativos. É um erro. Não posso me imaginar um Quixote sem sucessão. 43 (1977) 

O romance termina exigindo mais do que um conto. Sinto que o romance exige um esforço maior. O conto ou a poesia podem conseguir atrair desde a primeira página. A diferença está entre os escritores antigos e os modernos. Cervantes, por exemplo, nos obrigou a entrar no Quixote desde as primeiras linhas. Em contrapartida, agora se lêem coisas como: "Fulano olhou para Fulana, não sabia o que lhe dizer", e ao cabo de dez páginas se descobre que eram marido e mulher. Então, por que não dizer isso desde o princípio? Por que tanto receio? Por isso peço aos escritores que sejam menos reservados ao escrever. E há casos piores. Como o de um personagem que conversa com Teodoro e, quando nos enfronhamos no livro, descobrimos que Teodoro era o nome que o personagem tinha dado à sua bengala. Por que tanto mistério? Onde pretendem chegar? 47 (1978) 

Ler e escrever são formas acessíveis da felicidade. 3 (1983) 

Escrever é sempre um prazer, mais além do valor do que se escreve. 3 (1983 ) 

Escrevo quando um tema exige que o escreva. Não procuro os temas. Os temas me procuram; tento intervir o menos possível no que escrevo, tento esquecer minhas opiniões quando escrevo. O escritor não é alguém que dá, mas alguém que recebe. 132 (1985) 

Publica-se um livro para se safar dele, e, depois, o fato de que esse livro tenha êxito ou não, encontre um leitor — isso é o difícil —, é alheio ao escritor. O escritor deve olhar para a frente. É doentio pensar no fracasso ou em êxito. Kipling disse que o êxito e o fracasso são dois impostores; contudo, se a gente sente necessidade de se expressar artisticamente, deve fazê-lo, senão é um impostor e se descobre imediatamente o simulacro. Sentar-se para escrever um soneto é um erro, tem-se que deixar que o soneto nos encontre, que os temas nos procurem. 156 (1985) 


Escritor 

O escritor deve ser submisso e não convém que tente compreender demais o que está fazendo, porque qualquer ato consciente pode deitar a perder a obra. 39 (1976) 

Há escritores para os quais seria melhor não escrever com um propósito determinado, e somente obedecer à imaginação. 39 (1976) 

Isto não é um ofício, não é um problema de grupo, absolutamente. É uma idéia falsa que só pode ser imaginada pelos que não são escritores. 39 (1976) 

A função essencial de um escritor é escrever. Deve exercer essa atividade com a maior seriedade possível. É claro que, como cidadão, tem outras obrigaações, mas deve se organizar a fim de que elas não interfiram em sua obra. 59 (1981 ) 

Os melhores escritores vivos já morreram. Penso em George Bernard Shaw, em André Gide, em Robert Frost. 59 (1981) 

Tenho convicção de que a maioria dos escritores é superior a mim. É a impressão que tenho, embora não de todos. Assim, se penso em Bioy Casares ou em Silvina Ocampo, em Mujica Lainez, em Girri, são evidentemente superiores a mim. Agora, naturalmente posso ser superior a um senhor que se chama Asís, por exemplo. Posso ser superior a Canal Feijóo ou a Battistessa. 68 (1982) 

Nós, os escritores, possuímos algo secreto, algo que se chama, na tradição homérica, musa; na tradição helênica, espírito ou infinito, e que, segundo a mitologia moderna, é o inconsciente, e o que, segundo o poeta irlandês William Berkeley, é a grande memória. A imaginação e os sonhos são uma arte combinada que joga as imagens da memória individual e coletiva. 102 (1984) 

Sem leitura não se pode criar, e sem emoção, tampouco. Os textos são, sobretudo, espírito, e a emoção é necessária porque não se pode viver sem ela. O importante é sonhar e ser sincero com seus sonhos. 101 (1984) 

A literatura é uma vocação. Há temas que nos chamam. Quando escrevo, não sei se vou publicar ou não. Muitas vezes envio os originais para uma revista ou um jornal, e eles o devolvem. Não existe qualquer segurança. Os pintores, que são organizados, podem ganhar muito, mas não um escritor. Contudo, talvez seja melhor assim, pois escrevemos o que corresponde a uma necessidade íntima, e não para vender. Quando se escreve não se pensa no leitor, porque pode não haver leitor algum. Como dizia Alfonso Reyes, publicamos apenas para não passar a vida inteira corrigindo originais. Publicamos para ficar livres deles. 115 (1984) 

Um escritor deve escrever para a alegria de seu leitor. Deve sentir alegria em escrever. Não sei se o que escrevo causa alegria a alguém, porém me alegro muito escrevendo. Talvez seja o bastante para me justificar. 144 (1985) 


Escultura 

As esculturas são corpos entre os corpos, vultos forâneos que a invenção do homem intercala entre os outros que povoam o espaço. 106 (1984) 


Referências
3 Montenegro, Nestor. Diálogos con Jorge Luis Borges, Ed. Nenont Ediciones, 89 páginas, Buenos Aires, 1983.
39 "Borges frente a Borges" conferência de J.L.B. sobre "El escritor y su tiempo", transcrita por Martín Müller, jornal La Opinión, 9/5/76.
43 "J.L.B. otra vez frente al Nobel", reportagem, revista Hombre del Mundo (Chile), Nº 5, novembro de 1977.
47 "Reportaje de Menotti a Borges", produção de Juan Carlos Mena, revista V.S.D., Nº 3, 1/9/78.
59 "Un escritor imagina fábulas pero ignora su moraleja", entrevista, revista Status, Nº 40, janeiro de 1981.
68 "Borges y el centenario de La Plata", El Platense, suplemento da revista Negócios da Câmara de Comércio e Indústria de La Plata, verão de 1982.
102 " Pide Borges por la democracia" jornal La Razón, 14/8/84.
106 "La escultura, según un Borges ciego, memorioso y sensual", J.L.B., jornal Clarín, 13/9/84.
115 "Entrevista a J.L.B.", entrevista de Renato Modernell, revista Status, Nº 1 (Novo Período), outubro de 1984.
132 "Hay un Borges que desaparece y otro Borges que nace" (Conversa-conferência no Centro Cultural San Martín), Rodolfo Braceli, jornal La Razón, 2/3/85.
144 "Mis libros", diálogo con Jorge Cruz, jornal La Nación, 28/4/85
156 "Diálogo con el público sobre la poesia" (Transcrição da gravação do diálogo realizado na Sociedade Distribuidora de Jornais), jornal La Nación, 25/8/85


in Dicionário de Borges; Stortini, Carlos R. – Bertrand Brasil – Rio de Janeiro, 1990
Ilustração: Life Writer; Christa Sommerer & Laurent Mignonneau, 2006

janeiro 24, 2009

A linguagem das luvas



A linguagem das luvas, que é muito corrente em Paris, crê-se, alli, que foi gerada na Inglaterra, onde as moças da classe nobre a empregam para se entenderem com seus pretendentes. 

Esta linguagem, na opinião dos seus partidarios, é muito mais expressiva do que a do leque. Suas principaes phrases são as seguintes: 

Para dizer sim deixa-se cahir uma luva e para dizer não enrola-se ambas na mão direita. Para indicar que se deseja ser seguida, bate-se ligeiramente no hombro esquerdo com as duas luvas e se se deseja exprimir o contrario ou indicar que a pessoa que segue é indiferente, descalça-se parcialmente a luva da mão esquerda. Já não o quero exprime-se batendo de leve com as duas luvas no queixo e não o supporto diz-se voltando-as pelo avesso. 

Passar a mão pelas luvas como para alisal-as, quer dizer: Desejo estar perto do senhor e deixar cahir no chão as duas luvas, equivale a declarar: Amo-o. 

Quando um pretendente deseja saber se é pessôa grata, pergunta-o calçando a luva da mão esquerda, mas deixando de fóra o dedo pollegar. Para exprimir: Tenha cuidado que nos observam, enrolam-se as luvas em torno dos dedos; e para demonstrar contrariedade, bate-se numa das mãos com as luvas, mais ou menos depressa, conforme o gráu de contrariedade; mas procurando não chamar a attenção. 


in Almanach Eu Sei Tudo; 13º ano – Cia. Editora Americana – Rio de Janeiro, 1933
Imagem: Degas, Edgar – Singer with a Glove – Pastel and liquid medium on canvas, 52.8 x 41.1 cm; Fogg Art Museum, Harvard University, Cambridge, MA 

Anovo

janeiro 21, 2009

Indicações para ouvir, para ver, para ler:


Adoniran em O Cangaceiro, de Lima Barreto, 1953

O objetivo é deixar algumas pistas importantes. Portanto, nem tudo que diz respeito a Adoniran será mencionado. 

Inicialmente vem a voz. Depois de mais de 40 anos de vida artística, o primeiro Adoniran Barbosa, Emi-Odeon, 1973. Neste disco estão músicas famosas de Adoniran, com exceção do Samba do Arnesto, por causa do mencionado decreto federal que proibia o uso "errado" do vernáculo através dos meios de comunicação. Eta samba polêmico! Alcançando sucesso com a gravação realizada por Os Demônios da Garoa, em 1955, provocou a repulsa de Vinicius de Moraes, que através da revista A Cigarra, tentava ridicularizar o texto do samba, terminando com uma condenação implacável: "São Paulo é o túmulo do samba". Ah, sim, quando numa das faixas do LP surgir o nome de "Peteleco'" trata-se do nome do cachorro que pertencia ao compositor, "autor" de alguns de seus sambas.

O segundo LP, Adoniran Barbosa, foi gravado em 1975, pela Emi-Odeon. Cabe destacar aí já a presença do Samba do Arnesto. Uma faixa interessante é o Samba Italiano, de 1965. Essa composição nasceu quando Adoniran e o ator Otelo Zeloni, à porta da Rádio Record, esperavam que a chuva passasse. E Zeloni sugeriu ao compositor uma canção sobre aquele momento: 

"Piove, Piove, fa tempo che piove qua, Gigi 
E io sempre io sotto la tua finestra 
E vuoi senza me sentire, ridere, ridere, ridere 
De questo infelice qui... ". 

Em 1980, surge o terceiro LP, com a participação de Carlinhos Vergueiro (parceiro em Torresmo à Milanesa), Clara Nunes, Clementina de Jesus, Elis Regina, Gonzaguinha e outros, também pela Emi-Odeon. Era a comemoração dos 70 anos de Adoniran, que foi festejado no Bixiga com missa, futebol e samba. 

Em termos póstumos, há que se citar o LP Saudades de Adoniran, pela Continental, com reproduções de registros realizados por Adoniran, pelos Os Demônios da Garoa, e por Wilson Miranda (Bom-dia, Tristeza). Neste disco encontram-se alguns documentos interessantes: além de canções menos conhecidas do compositor, como o xote Olha a Polícia (de Peteleco e Arlindo Silva), a primeira gravação de Saudosa Maloca, feita por Adoniran em 1951, um trecho do programa Histórias das Malocas, de 1956, e entrevistas com Adoniran. 

Outra homenagem póstuma é o LP Adoniran Barbosa — Documento Inédito, Estúdio Eldorado, 1984, onde desponta a participação de Adoniran no programa comandado por Elis Regina, O Fino da Bossa, TV-Record, 11.7.1965. Participa do disco Mathilde de Luttis, esposa do compositor. Merece também atenção o Adoniran & Vanzolini, Abril Cultural, série História da Música Popular Brasileira, 1982, onde destacam-se duas grandes interpretações: Maysa em Bom·dia, Tristeza e Gal Costa em Trem das Onze

Em relação aos seus intérpretes mais importantes, Os Demônios da Garoa, entre os seus vários LP, cabe frisar o Trem das Onze, Chantecler, 1964, e Os Demônios da Garoa Interpretam Adoniran Barbosa. Se o ouvinte quiser uma interpretação instrumental deve procurar o LP Sambas de Adoniran, com Portinho e sua Orquestra, pela Philips. 

Em relação aos VTs que possam contribuir para uma visão mais ampla de quem foi Adoniran Barbosa sugerimos uma rápida relação: 

Pela TV-Cultura de São Paulo: MPB Especial nº 6, de 29.11.1972; o Vox Populi nº 33, de 19.5.1979; o espetáculo no Festival de Verão no Guarujá, em 24.11.1979, com a participação de Adoniran Barbosa, Inezita Barroso e Zé Keti; e o programa Metrópolis nº 3 (nove visões de uma cidade), onde o nosso cantor deixa gravada a sua. 

Pela TV-Globo há a sua participação em Brasil Especial, de 11.11.1977. Esse programa retratou a música popular paulista, isto é, alguns de seus compositores: Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini, Denis Brian e o arranjador e compositor de canções e jingles Hervê Cordovil. Este último foi parceiro de Adoniran em algumas canções: Agüenta a Mão, João (1965), É Fogo (marcha, 1971), Olhando pra Lua (samba, 1970). Prova de Carinho (samba, 1960), Pode Ir em Paz (marcha-rancho, 1951). A parte do programa que focaliza Hervê Cordovil traz várias informações a respeito de Adoniran e de Oswaldo Moles, de quem Hervé também foi parceiro. 

Pela TV-Bandeirantes lembramos o Ano Novo de Elis Regina, de 31.12.1978, onde Adoniran percorre as ruas do Bixiga acompanhando a cantora, denunciando a sua devastação e recusando-se a entrar com ela na danceteria Aquarius, para se encontrar com Rita Lee. 

Em termos de depoimentos, destacam-se aquele prestado ao Museu da Imagem e do Som (MIS). de São Paulo, em 4.12.1981, e um redigido para o antigo semanário paulista Movimento, em 23.2.1976, sob o título "Envelhecer é uma Arte". Além disso, existem algumas entrevistas, como aquela publicada na revista Realidade, Abril-Cultural, julho de 1966. Há também que se destacar reportagens, tanto publicadas por ocasião de sua morte no Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e na Folha de S. Paulo, como as mais antigas, na Revista do Rádio, em 15.10.1955 e em 28.8.1959, assim como na revista It, São Paulo, 24.8.1946. 

No que diz respeito a apreciações que merecem destaque podemos lembrar: Aguiar, Flávio. Fiapos de Conversa Evoca o Passado que não Volta Mais, Mello, Zuza Homem de. O Som de São Paulo em Ritmo de Samba — ambos em Adoniran & Vanzolini, disco citado, Cândido, Antonio. Texto na contracapa do primeiro LP de Adoniran; e Wisnik, José Miguel. "Adoniran, Mulher, Patrão e Cachaça", no jornal Movimento, 28. 7 .1975, entre outros. 

No que tange às relações entre música popular, o rádio e a TV, uma série de informações pode ser retirada do livro de José Ramos Tinhorão, Música Popular — Do Gramofone ao Rádio e à TV, São Paulo, Editora Ática, 1981. Há também o estudo de Miriam Goldfeder, Por Trás das Ondas da Rádio Nacional, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1981, contendo referências ao humor radiofônico paulista, incluindo um rápido comentário a respeito de Histórias das Malocas. Sobre o "iê-iê-iê", relacionado com a produção de Adoniran no nosso capítulo 3, lembramos o trabalho de Paulo de Tarso, A Aventura da Jovem Guarda, São Paulo, Editora Brasiliense, 1985. Para uma visão geral da música popular brasileira e suas relações com os meios de comunicação de massa, citamos o nosso pequeno livro, Música Popular Brasileira — Da Cultura de Roda à Música de Massa, São Paulo, Editora Brasiliense, 1983. 

Depois de tudo isso, devemos ainda observar que muitos documentos visitados referem-se a discos 78 rpm, fitas e scripts de programas de rádio, especialmente das Histórias das Malocas, além de documentos que se encontram em exposição no Museu Adoniran Barbosa, que fica na Rua 15 de Novembro, próximo do início da Av. São João, no prédio onde funciona a Secretaria de Esportes e Turismo do município). 

Entre os documentos que dizem respeito a Adoniran, gostaríamos de salientar dois trabalhos seus, que não são canções, nem representações radiofônicas ou teleteatrais. São crônicas, isto mesmo, crônicas. A primeira, "Um Senhor Piquenique", foi publicada na revista Realidade, da Editora Abril, de fevereiro de 1969, e conta com detalhes carregados de comicidade e aventura domingueira de um grupo de pessoas de um bairro bem característico da cidade de São Paulo numa praia de Santos, desde os preparativos até o retorno. Outra vez a ser "Sonhei com o Papa", publicada em Feijão com Arroz nº 5, onde o cronista recebe o Papa em sua casa, atingindo o ápice quando oferece ao visitante um "vinho vino" da sua adega, "o famoso Capelinha" acompanhado de "dois alkaselzer", pois o Papa tinha que rezar a missa depois. E o final não deixa de receber a marca caracter!stica de Adoniran: "Aí acordei com o barulho dos hómi da prefeitura abrindo mais um buraco e não me lembro se o Papa chegou a tomar o vinho". 

Nem todos os documentos pesquisados por nós estão citados. E nem todos estão em exposição e à disposição no Museu Adoniran Barbosa. O museu ainda é um espaço em formação, porém já em funcionamento. Foi ali que encontramos a ajuda de Sérgio Rubinato, sobrinho de Adoniran, e de Mathilde de Luttis, esposa do compositor. Sem eles este livro não existiria. Prestando e confirmando informações ou permitindo o acesso a documentos, eles estão presentes neste livro, além de personagens, participando da autoria. 

Cíao Belo! 


in Adoniran Barbosa; Krausche, Valter – Brasiliense – São Paulo, 1985

janeiro 20, 2009

Dossiê Rê Bordosa



Gênero Animação, Conteúdo Adulto, Grande Prêmio Vivo 
Diretor Cesar Cabral 
Elenco Laert Sarrumor, Paulo Cesar Peréio
Vozes Grace Gianoukas 
Ano 2008
Duração 16 min
Cor Colorido
Bitola 35mm
País Brasil 
 
Fama? Ego Inflado? Espírito de Porco? Quais os reais motivos que levaram Angeli a matar Rê Bordosa, sua mais famosa criação? Este documentário em animação stopmotion investiga este vil crime. 
 

Ficha Técnica
Co-produção Anália Tahara Fotografia Marcelo Trotta Roteiro Cesar Cabral, Leandro Maciel Edição Eduardo Santos Mendes, Jose Luis Sasso, Guile Martins Direção de Arte Daniel Bruson Animação Cesar Cabral Empresa produtora Coala Filmes Montagem Cesar Cabral, Leandro Maciel Interpretação musical Cláudio Augusto  

Para assistir >>>clicaqui<<<


Uma história de amor



( ... ) 
"Encerraram num círculo de incisos 
Os pássaros, as mulheres e o riso 
Boiões de lata, os olhos dos juízes 
São faíscas num monte de lixo" 
( ... ) 

Maiakovski

Os versos são de 1915, mas o "Hino ao Juiz" se enquadra perfeitamente com a morte de Leila. O Brasil inteiro era uma comoção só, é verdade, mas por que é que não reconheceram em Leila uma grande força quando estava viva, no lugar de julgá-la incansavelmente? 

Apareceu de tudo no dia seguinte. As redações dos jornais e revistas, por exemplo, usaram os caminhos mais sujos para se promoverem às suas custas. Algumas publicações que praticamente estavam falidas recorreram ao fato para livrar a sua pele. Não era consternação o seu sentimento, mas alívio por finalmente terem uma notícia que vendesse. Surgiram as "últimas entrevistas", as "derradeiras fotografias". As imagens de Leila grávida ou nua, aquelas que todo mundo condenou, agora estavam à mostra em todas as bancas, com manchetes sensacionalistas estampadas nas primeiras páginas. Um fotógrafo da Realidade voltou exultante para a revista, dizendo haver fotografado o berço de Janaína, estrategicamente colocado na janela em frente ao mar, na casa dos Diniz. 

A vinda de seu corpo, obrigatoriamente cremado pelo governo da lndia, só pôde ser efetivada dez dias depois, o tempo de fazerem o reconhecimento e de liberá-lo para a volta. Talvez a cremação tenha sido melhor pra ela, que detestava velórios e enterros, rituais que achava "mórbidos". A missa de sétimo dia, porém, foi um festival de desrespeito, as câmeras de televisão procurando o melhor ângulo para o rosto do familiar mais triste. A chegada das cinzas no Cemitério São João Batista causou muito tumulto. Os milhares de pessoas presentes acabaram impedindo que a sua família se aproximasse do jazigo; as escolas de samba brigando por uma bandeira no caixão. 

Janaína, antes considerada um mau-fruto-de-uma-relação-não-consagrada-pelos-laços-matrimoniais, agora era o alvo preferido para os que queriam a promoção pessoal. A emissora de TV que lhe recusou emprego por motivos morais tentava insistentemente que a família aceitasse 10 mil cruzeiros numa caderneta de poupança para lhe assegurar o futuro. Jece Valadão oferecia 10% da renda de seu filme, quando Leila é que deveria receber, por contrato, essa quantia. O Instituto Nacional de Cinema propunha ao MEC um subvencionamento para os estudos da menina... 

Vieram as propostas parlamentares para nomes de rua, de galeria, de edifícios. Os mais descarados queriam obter o seu diário, achado nos destroços do avião, hoje guardado a sete chaves. Um certo padre de Curitiba, um tal de Emir Calluf, certamente carente de notícias a seu respeito, estranhou que a morte daquela que fora "meretriz e rebotalho humano" causasse tamanho interesse por parte dos órgãos de informação. Segundo ele, a morte de Leila deveria servir de exemplo para os que não seguem as normas de Deus. O representante divino não conseguiu o estrelato desejado, ninguém sabe por quê. 

Até o filme que ela fora representar no Festival que lhe concedeu um prêmio póstumo, antes considerado um possível fracasso de bilheteria, foi lançado num piscar de olhos, apesar de seu diretor ter desviado verbas do filme para fazer outro, intitulado O Enterro da Cafetina... 

Leila era "uma mulher solar", já dissera Domingos de Oliveira. Não combinava de maneira nenhuma com homenagens póstumas e inúteis. O Pasquim e seu pessoal conhecia e respeitava a amiga do peito. Para que fazer manchetes no jornal ou comparecer a missas que nada tinham a ver com ela? 

De muito longe, o espanto pode ter sido grande, com toda aquela parafernália montada. Com cara de menina risonha deve ter repetido: 

"Sou apenas Leila Diniz, qual o problema?".


in Leila Diniz; Cavalcanti, Cláudia – Brasiliense – São Paulo, 1983

Um Santo incapaz de protelações



Dissemos acima que as palavras Hoje e Amanhã exprimem a chave do mentalidade e do ensinamento espiritual de Santo Expedito. 

Seu nome é outra eloqüente afirmação do mesmo ensinamento e da mesma mentalidade. 

Expeditus significa, em latim, pronto, ligeiro, rápido. Os expediti eram, no exército romano, corpos portadores de armamento leve, facilmente mobilizáveis e rapidamente deslocáveis para fazer frente a situações de emergência. 

O nome Expedito seria um cognomen (apelido) do Santo, como era freqüente ser adotado pelos nobres do Império romano, talvez por se ter ele desincumbido de alguma missão militar de modo particularmente expedito? 

Seria alusão ao fato de ser ele proveniente de um corpo de expediti

Ou seria apenas uma coincidência chamar-se Expedito um santo que sempre foi expedito em tudo que fez? 

Não se pode saber ao certo. 

O que, sim, se pode afirmar com certeza é que o nome combina petfeitamente com sua mentalidade e seu perfil moral. 

E também — é muito bonito verificar-se isso! (com a característica principal do seu modo de atender os devotos: a rapidez. 

É por isso que ele é invocado, na sua Ladainha, como "nosso socorro nas questões urgentes". 


LADAINHA DE SANTO EXPEDITO 

Senhor, tende piedade de nós

Jesus Cristo, tende piedade de nós

Senhor, tende piedade de nós. 

Jesus Cristo, escutai-nos

Jesus Cristo, atendei-nos

Pai celeste, que sois Deus, tende piedade de nós

Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós

Deus Espírito Santo, tende piedade de nós

Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós

Santa Maria, Rainha dos mártires, rogai por nós

Santo Expedito, invencível atleta da fé, rogai por nós

Santo Expedito, fiel até a morte, rogai por nós

Santo Expedito, que tudo perdestes para ganhar a Jesus Cristo, rogai por nós

Santo Expedito, que sofrestes os golpes da chibata, rogai por nós

Santo Expedito, que perecestes gloriosamente pela espada, rogai por nós

Santo Expedito, que recebestes do Senhor a coroa de justiça que Ele prometeu aos que O amam, rogai por nós

Santo Expedito, patrono da juventude, rogai por nós

Santo Expedito, auxílio dos estudantes, rogai por nós

Santo Expedito, modelo dos soldados, rogai por nós

Santo Expedito, protetor dos viajantes, rogai por nós

Santo Expedito, advogado dos pecadores, rogai por nós

Santo Expedito, saúde dos enfermos, rogai por nós

Santo Expedito, consolador dos aflitos, rogai por nós

Santo Expedito, mediador dos pleitos, rogai por nós

Santo Expedito, nosso socorro nas questões urgentes, rogai por nós

Santo Expedito, que ensinais que jamais é necessário remeter para o dia seguinte para pedir com ardor e confiança, rogai por nós

Santo Expedito, sustentáculo fidelíssimo dos que esperam em vós, rogai por nós

Santo Expedito, cuja proteção à hora da morte é uma garantia de salvação, rogai por nós

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, atendei-nos, Senhor

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós, Senhor

Jesus Cristo, escutai-nos

Jesus Cristo, atendei-nos

V. Rogai por nós, Santo Expedito. 

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo. 


Oração: 
Deus todo-poderoso e eterno, que sois a consolação dos aflitos e o sustentáculo dos que soofrem, deixai subir a Vós o grito de nossa aflição para que, pela intercessão e pelos méritos de Santo Expedito, vosso glorioso mártir, experimentemos com alegria, na extrema necessidade em que nos encontramos, o socorro de vossa misericórdia. Amém.. 


(Fontes: Vida e Martírio de Santo Expedito, do Pe. João Benedicto Víllano, Tenente-Coronel Capelão da Polícia Militar de São Paulo, edição do autor, s/d; Santo Expedito — Novena, do Pe. Antônio Lúcio da Silva Lima, Editora Paulus, São Paulo, 4ª edição, 1994; Santo Expedito, de Frei Marie-Expédit, Edições Loyola, São Paulo, 6ª edição, 2000). 


in Santo Expedito, O Santo das causas urgentes; Castro, Alex Monteiro de – Artpress – São Paulo, 2000

Whistling Jack Smith - I Was Kaiser Bill's Batman

Normal Love (1963)


by Jack Smith (1932-1989)
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janeiro 13, 2009

Marx


Mulher de Cetim Rosa – óleo sobre tela


"Se faço jardins, não quero fazer pintura, se faço pintura não quero fazer gravura em madeira, se faço xilogravura não quero fazer litografia; cada especialidade pede uma  técnica e um meio de expressão. Por isso eu me bato muito: não quero fazer uma pintura que seja jardim. Que a pintura e os problemas artísticos tenham influenciado todo meu conceito de arte, não há dúvida. Tenho procurado na vida não me cingir a uma fórmula. Detesto fórmulas, eu amo os princípios"



Parque do Ibirapuera – São Paulo, SP


"Amor é preservar a vida, e procurar entendê-la em todas as dimensões, do que vai a grandes alturas e do que desce a grandes profundidades. Toda  limitação de amor reduz nossa possibilidade de participação. O que mais amo? Arte e árvores"



Sem título – tinta para tecido sobre brim


in Roberto Burle Marx – Lemos Editorial – São Paulo, 1996
Fotos: Haruyoshi Ono, Folha Imagem e Eduardo C. Schwarzstein

Pioneiros do Cinema Brasileiro

1932

O ano de 1932 apresentou uma produção de sete filmes: apenas um a mais que o ano anterior.

Em São Paulo, Amor e Patriotismo mesclava seqüências com atores e cenas documentais da Revolução de 1930. Octávio Gabus Mendes deixava momentaneamente a crítica para dirigir Às Armas!.

Com Um Bravo do Nordeste, o cinegrafista Edson Chagas estreava na direção e conseguia realizar um drama rural de aventuras.

Eduardo Abelim, infatigável lutador até o final de seus dias, terminava o seu O Pecado da Vaidade.

Surge então surpreendentemente um novo pólo de produção, em Campo Grande, no antigo Estado do Mato Grosso. Os estreantes Líbero Luxardo, diretor, e Alexandre Wulfes, câmera-iluminador, apresentam o filme Alma do Brasil, uma produção de qualidade e criatividade.

Depois de ter estreado como diretor em São Paulo com o filmes Às Armas!, Octávio Gabus Mendes foi para o Rio de Janeiro dirigir Mulher, segunda produção da Cinédia. E, no mesmo ano, para Carmem Santos, Onde a Terra Acaba.

A produção de Carmem Santos teve os seus interiores filmados nos estúdios da Cinédia, onde também Luxardo e Wulfes montam o seu filme.

Octávio Gabus Mendes viera de São Paulo, Gentil Roiz e Edson Chagas do Recife, Humberto Mauro já está definitivamente radicado no Rio. No elenco da recente produção da Cinédia encontram-se alguns atores semiprofissionais de São Paulo. De agora em diante é consenso que tudo marcha para ter uma solução no Rio de Janeiro.


Filmagem de A Voz do Carnaval (1933), da Cinédia. Primeiro filme sonoro movietone a ser finalizado no Brasil? Discussão sem maior importância. Em cima do caminhão, atrás do chassi do Art·Reeves, gravador importado, Afrodizio de Castro, que atuou como técnico de som. De chapéu preto, Humberto Mauro, que além de dirigir o filme junto cam Adhemar Ganzaga, também trabalhou como um dos câmeras. Começava uma nova época.



1933

O som na película chega para ficar. Todos os exibidores tratam de se adaptar aos novos tempos, instalando o movietone sem perda de tempo. As empresas que se encarregam desse serviço quase não dão conta do recado.

Em pouco tempo, o mercado vai sendo tomado pela febre do movietone, o que era anunciado em grandes letras à frente dos cinemas.

O vitaphone, o som em discos, transforma-se rapidamente em velharia de museu. Todo o esforço de Luiz de Barros fica valendo como valor histórico, mas sem aplicação prática.

Em Ganga Bruta, contudo, são ainda utilizados os discos: alguns gritos de Déa Selva, uma composição de Radamés Gnatalli, uma canção com letra de Joracy Camargo e música de Heckel Tavares, pouco mais ...

É verdade que Fausto Muniz testara já seu movietone, cujas peças ele próprio fundira e montara, enquanto Adhemar Gonzaga fazia o mesmo com o seu Art-Reeves importado.

O teste de Muniz chamou-se O Carnaval de 1933; e o de Gonzaga, A Voz do Carnaval, com o cômico Palitos e uma quase desconhecida Carmen Miranda.

Não se pensava mais em filmes silenciosos, muito menos com discos. Terminara todo um período do cinema no Brasil, a história de uma inacreditável persistência.


Ao centro, numa cena de O Caçador de Diamantes (1932), Rubens Roca com Sérgio Montemor à esquerda e Francisco Scollamieri à direita.

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Jurandyr Noronha, pesquisador, jornalista e historiador nascido em Juiz de Fora, estado de Minas Gerais, sempre esteve ligado ao cinema brasileiro. fez parte de algumas das mais antigas produtoras do país, como a Pan Filmes e a Filmes Artísticos Nacionais e foi redator da revista Cinearte. Atuou como diretor de fotografia, câmera, montador e editor do Cinédia-Jornal. Participou da comissão Cavalcanti, da Presidência da República, da qual resultaria o Instituto Nacional do Cinema, mais tarde Embrafilme. Em seminário da Unesco, realizado em Buenos Aires, elegeu-se secretário-executivo do Comitê Latino-americano para Produtores de Documentários para Cinema e Televisão. Roteirista e diretor de cerca de quarenta filmes-documentários e dos longas-metragens Panorama do Cinema Brasileiro, 70 Anos do Brasil e Cômicos + Cômicos; foi tambêm o criador do Museu do Cinema. Fez pesquisas nos estúdios Pathé, França, na biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e nos estúdios Nordisk, Dinamarca. é autor dos livros No Tempo da Manivela, sobre o período do cinema silencioso no Brasil, e Imigrantes no Cinema Brasileiro.


in Pioneiros do Cinema Brasileiro; Noronha, Jurandyr – Brasiliana de Frankfurt – São Paulo, Câmara Brasileira do Livro, 1994
Fotos da Coleção Jurandyr Noronha – Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro