janeiro 10, 2010

Te quiero


Tus manos son mi caricia,
mis acordes cotidianos;
te quiero porque tus manos
trabajan por la justicia.

Si te quiero es porque sos
mi amor, mi cómplice, y todo.
Y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.

Tus ojos son mi conjuro
contra la mala jornada;
te quiero por tu mirada
que mira y siembra futuro.

Tu boca que es tuya y mía,
Tu boca no se equivoca;
te quiero por que tu boca
sabe gritar rebeldía.

Si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo.
Y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.

Y por tu rostro sincero.
Y tu paso vagabundo.
Y tu llanto por el mundo.
Porque sos pueblo te quiero.

Y porque amor no es aurora,
ni cándida moraleja,
y porque somos pareja
que sabe que no está sola.

Te quiero en mi paraíso;
es decir, que en mi país
la gente vive feliz
aunque no tenga permiso.

Si te quiero es por que sos
mi amor, mi cómplice y todo.
Y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.
.
.
Mario Benedetti in www.avantel.net
Imagem: Big Mouth por D*Face

janeiro 01, 2010

Vesperal



Pato Donald Mickey Clarabela
voam no céu, o filme roda na tela,
o céu está cheio de estrêlas
as crianças tomam sorvete no cine
as crianças como riem elas
Tio Patinhas passa de avião
êle tem concorrentes em outras cidades
sua fortuna de tôdas tem que ser a maior
Tio Patinhas sorri, êle está contente,
Douglas Mcpherson, esquire, suicidou-se
ontem, com um tiro no ouvido,
Tio Patinhas ganha qualquer parada
êle sorri, êle está contente,
e com êle as crianças como riem elas
ah as crianças o filme corre na tela
Tio Patinhas é bom para as crianças
é todo colorido, um pato eastmancolor,
simpático, de cartola, e como tem dinheiro,
Pato Donald Mickey Clarabela
olham-no com respeito e admiração
voam no céu, o filme roda na tela,
Mcpherson suicidou-se ontem
com um tiro no ouvido,
o céu está cheio de estrêlas,
as crianças, como riem elas ...

Ariel Marques
Ariel Krirochein Marques, carioca, nascido em 25 de abril de 1947, completou o curso secundário do Rio de Janeiro e, atualmente, cursa o 2º ano de Economia na Universidade de Brasília. Já colaborou em diversos suplementos literários e revistas, entre os quais a
"Revista Civilização Brasileira". Tem um livro de poemas inédito intitulado "urbe".



in Poesia viva I, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1968
Ilustração: Stiffane Mioo, por Guinigui