dezembro 28, 2010

Cortez the Killer




by Neil Young, album Zuma. Recorded with Young's band Crazy Horse, 1975

novembro 08, 2010

Erro de português


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Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
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in Poesias Reunidas; Andrade, Osvald de – Civilização Brasileira, 3ª. edição – Rio de Janeiro, 1972.
Imagem: Guinigui

outubro 25, 2010

Aquiri juquilá I

Homem é detido ao andar nu em praia no litoral de SP


Caso aconteceu nesta segunda-feira (25), em Caraguatatuba.
De acordo com a polícia, ele tem problemas psicológicos.


Do G1 SP, com informações da TV Vanguarda



Um homem foi detido pela polícia na manhã desta segunda-feira (25) em Caraguatatuba, no litoral de São Paulo, por caminhar nu pela praia.


Ele, que não teve a identidade revelada, foi levado para o Hospital Stela Maris, onde foi recebido por uma assistente social.

De acordo com a polícia, o homem tem problemas psicológicos e ficará internado.
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in g1.globo.com/sao-paulo/noticia/

julho 01, 2010

Tapir




in O Guarani; Alencar, José de – Segunda Parte; Peri; VI Nobreza; pg. 221 – Ateliê Editorial – Cotia, 2002

maio 03, 2010

Noites



O tigre evoca, de forma geral, as idéias de poder e ferocidade; o que só comporta sinais negativos. É um animal caçador e, nisso, um símbolo da casta guerreira. Tanto na geomancia quanto na alquimia chinesa, o tigre opõe-se ao dragão; mas se vem a ser, no primeiro caso, um símbolo maléfico, é, no segundo, um principio ativo, a energia, em oposição ao principio úmido e passivo, o chumbo oposto ao mercúrio, sopro do sêmen.

Os Cinco Tigres, símbolos de força protetora, são os guardiões dos quatro pontos cardeais e do centro. Alias, através da história e nas lendas chinesas dá-se repetidamente o nome de Cinco Tigres (Wu ho) a grupos de guerreiros valorosos, protetores do império. O aparecimento de um tigre-branco é um sinal de virtude real. O tigre é mais especificamente um animal do norte, do solstício de Inverno, onde devora as influências maléficas. Se por vezes é a montaria de um Imortal, é porque ele próprio é dotado de longevidade. Sua força simboliza ainda, no budismo, a força da fé, do esforço espiritual, atravessando a selva dos pecados, que é simbolizada por uma floresta de bambus.

Na iconografia hindu, a pele do tigre é um troféu de Xiva. O tigre é a montaria da Xácti, da energia da natureza, a quem Xiva não se encontra submetida, mas ao contrário, dominada por ele (CHOC, DANA, GRAD, GUES, KALL, LECC, OGRJ).

Monstro da escuridão e da lua nova, é também uma das figuras do mundo superior, o mundo da vida e da luz nascente. Ele é muitas vezes reproduzido, deixando sair da goela um ser humano, representado por uma criança. É o ancestral do clã, identificado com a lua que renasce: a luz que retorna (HENL, ELlT, 161).

Na Malásia, o curandeiro tem poder de transformar-se em tigre. Não podemos esquecer que em todo o sudoeste asiático, o Tigre-Ancestral mítico é visto como o iniciador. É ele quem conduz as neófitas à selva para iniciá-las, na realidade, para matá-las e ressuscitá-las (ELlC. 306),

Na Sibéria, para os gilíacos, o tigre, devido à sua vida e hábitos, é um verdadeiro homem, que apenas temporariamente assume o aspecto de tigre (ROUF, 303, citando Zelenine, Le Culte des Idoles en Sibérie, Paris, 1952).

O aparecimento do tigre nos sonhos provoca uma angústia ao acordar. Reanima os terrores gerados pela aproximação da fera na floresta, ou por sua visão nos jardins zoológicos ou circos. Belo, cruel, rápido, o tigre fascina e apavora. Segundo E. Aeppli, nos sonhos ele representa um conjunto de tendências que se tomaram completamente autônomas e que estão sempre prontas para nos atacar inesperadamente e para nos despedaçar. Sua poderosa natureza felina encarna um conjunto de forças instintivas, cujo encontro é tão inevitável quanto perigoso; essa natureza é astuciosa, menos cega do que a do touro, mais feroz do que do cão selvagem, apesar de igualmente inadaptada. Esses instintos mostram-se sob o seu mais agressivo aspecto, porque, presos na selva, tornaram-se completamente desumanos. O tigre fascina, no entanto: É grande e poderoso, embora não tenha a dignidade do leão. É um pérfido déspota que desconhece o perdão. Ver aparecer um tigre nos seus sonhos significa estar perigosamente exposto à bestialidade dos seus impulsos instintivos (AEPR, 265).

Ele simboliza o obscurecimento da consciência submersa nas ondas de seus desejos elementares desencadeados. Mas embora lute contra animais inferiores, como répteis, conforme vemos em certas representações, é uma figura superior da consciência; mas, ao lutar contra um leão ou uma águia, passa a figurar apenas o instinto de cólera que procura saciar-se, opondo-se a qualquer proibição superior. O sentido do símbolo varia, como sempre, conforme a situação dos seres em conflito.

Uma lenda grega, relatada por Plutarco, explica por que o nome de Tigre foi dado a um rio da Mesopotâmia, denominado anteriormente Solax. Para seduzir uma ninfa da Ásia, Afesibéia, por quem estava apaixonado, Dioniso transforma-se em tigre. Tendo chegado à margem do rio, ela não pôde continuar fugindo e deixou-se agarrar pela fera, que a ajudou a passar para a outra margem. Seu filho, Medes, foi o herói epônimo dos medos e o rio tomou o nome de Tigre. Em memória à ninfa e ao deus que se haviam unido em suas margens (GRID, 29).

Segundo outras lendas, de origem babilônica, o Tigre haveria nascido dos olhos de Marduk, o Criador, ao mesmo tempo que o Eufrates. Na Bíblia, é um dos quatro rios do Paraíso Terrestre. No seu contexto sumério-acadiano. o Tigre assume uma significação de destaque: o curso da água cósmica, cercando a terra como uma ilha, evoca o célebre Oceano terrestre. o Apso do qual os textos cosmogônicos e cosmológicos da Mesopotâmia tanto falam (SOUN, 220). O Apso tem uma função característica na gênese do mundo: considerado como uma divindade masculina, representa a massa de água doce sobre a qual flutua a terra. Tem sua fonte no Oriente, próxima às montanhas do sol, e envolve o mundo como um rio circular. É ele que alimenta nossos cursos de água (ibid., 119). O Tigre, como rio, simbolizaria a água doce, por oposição ao mar, abismo de água salgada donde surgem todas as criaturas.


in Dicionário de Símbolos; Chevalier, Jean e Gheerbrant, Alain – José Olympio – Rio de Janeiro, 1982

março 01, 2010

Viva Piva!


A grande poesia de Roberto Piva precisa de ajuda. Este evento é para arrecar fundos visando o tratamento da sua delicada saúde. Pedimos a colaboração na divulgação. Para doações à distância, seguem seus dados bancários:
Itaú – 341
Agência: 0036
Conta corrente: 20592-0
CPF 565 802 828-00
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janeiro 10, 2010

Te quiero


Tus manos son mi caricia,
mis acordes cotidianos;
te quiero porque tus manos
trabajan por la justicia.

Si te quiero es porque sos
mi amor, mi cómplice, y todo.
Y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.

Tus ojos son mi conjuro
contra la mala jornada;
te quiero por tu mirada
que mira y siembra futuro.

Tu boca que es tuya y mía,
Tu boca no se equivoca;
te quiero por que tu boca
sabe gritar rebeldía.

Si te quiero es porque sos
mi amor mi cómplice y todo.
Y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.

Y por tu rostro sincero.
Y tu paso vagabundo.
Y tu llanto por el mundo.
Porque sos pueblo te quiero.

Y porque amor no es aurora,
ni cándida moraleja,
y porque somos pareja
que sabe que no está sola.

Te quiero en mi paraíso;
es decir, que en mi país
la gente vive feliz
aunque no tenga permiso.

Si te quiero es por que sos
mi amor, mi cómplice y todo.
Y en la calle codo a codo
somos mucho más que dos.
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Mario Benedetti in www.avantel.net
Imagem: Big Mouth por D*Face

janeiro 01, 2010

Vesperal



Pato Donald Mickey Clarabela
voam no céu, o filme roda na tela,
o céu está cheio de estrêlas
as crianças tomam sorvete no cine
as crianças como riem elas
Tio Patinhas passa de avião
êle tem concorrentes em outras cidades
sua fortuna de tôdas tem que ser a maior
Tio Patinhas sorri, êle está contente,
Douglas Mcpherson, esquire, suicidou-se
ontem, com um tiro no ouvido,
Tio Patinhas ganha qualquer parada
êle sorri, êle está contente,
e com êle as crianças como riem elas
ah as crianças o filme corre na tela
Tio Patinhas é bom para as crianças
é todo colorido, um pato eastmancolor,
simpático, de cartola, e como tem dinheiro,
Pato Donald Mickey Clarabela
olham-no com respeito e admiração
voam no céu, o filme roda na tela,
Mcpherson suicidou-se ontem
com um tiro no ouvido,
o céu está cheio de estrêlas,
as crianças, como riem elas ...

Ariel Marques
Ariel Krirochein Marques, carioca, nascido em 25 de abril de 1947, completou o curso secundário do Rio de Janeiro e, atualmente, cursa o 2º ano de Economia na Universidade de Brasília. Já colaborou em diversos suplementos literários e revistas, entre os quais a
"Revista Civilização Brasileira". Tem um livro de poemas inédito intitulado "urbe".



in Poesia viva I, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1968
Ilustração: Stiffane Mioo, por Guinigui