março 31, 2007

Fusão dos sexos


Avalokitesvara, silver statue, India, 20th c.

in The androgyne; Zolla Elémire – Thames and Hudson – London, 1981

março 30, 2007

Círculo

.
in L'homme et son corps: dans la société traditionnelle; Editions de la Réunions des musées nationaux – Paris, 1978

março 29, 2007

Arquétipos

...Podemos chamar essas tendências de arquétipos da personalidade escondida das pessoas. Dizemos escondida porque, não há nenhuma dúvida, certas tendências inatas não podem desenvolver-se livremente dentro de cada um, no decorrer de sua existência, se elas entrarem em conflito com as regras de conduta, admitidas nos meios em que vivem. A educação recebida e as experiências vividas, muitas vezes alienantes, são as fontes seguras de sentimentos de frustração e de complexos, e seus conseqüentes bloqueios e dificuldades.


Oxumaré, o orixá da riqueza.

...Se uma pessoa, vítima de problemas não-solucionados, é “escolhida” como filho ou filha-de-santo pelo orixá, cujo arquétipo corresponde a essas tendências escondidas, isso será para ela a experiência mais aliviadora e reconfortante pela qual possa passar. No momento do transe, ela comporta-se, inconscientemente, como o orixá, seu arquétipo, e é exatamente a isso que aspiram as suas tendências secretas e reprimidas.
...Toda essa experiência permanecendo no domínio do inconsciente, o resultado da intervenção do orixá pode ser comparado ao dos psicodramas de Moreno, com a diferença, porém, que, ao invés de ser um processo que tende a liberar um doente de suas angústias, no meio deprimente de uma clínica, o inexprimível é mais poeticamente exteriorizado numa atmosfera de agradável exaltação, no decorrer de uma brilhante festa, onde reina a amigável aprovação de admiradores fascinados.

Um elégùn de Xangô.

...Os arquétipos de personalidade das pessoas não são tão rígidos e uniformes como os descritos nos capítulos seguintes, pois existem nuances provenientes da diversidade de “qualidades” atribuídas a cada orixá. Oxum, por exemplo, pode ser guerreira, coquete ou maternal, dependendo do nome que leva. Como veremos, diz-se que há doze Xangôs, sete Oguns, sete Iemanjás, dezesseis Oxalás (na África eles seriam cento e cinqüenta e quatro), tendo cada um suas características particulares. Eles são, segundo os casos, jovens ou velhos, amáveis ou ranzinzas, pacíficos ou guerreiros, benevolentes ou não.
...No Brasil, além do mais, cada indivíduo possui dois orixás. Um deles é mais aparente, aquele que pode provocar crises de possessão, o outro é mais discreto e é “assentado”, fixado, acalmado. Apesar disso, ele influencia também o comportamento das pessoas. O caráter particular e diferenciado de cada indivíduo resulta da combinação e do equilíbrio que se estabelecem entre esses elementos da personalidade.

in Orixás: Deuses Iorubas na África e no Novo Mundo; Verger, Pierre Fatumbi – Corrupio – Salvador, 1992

Mergulho no hiperespaço

.
Esses discos luminosos,
esses discos voadores confundindo as moças de bem,
iludindo pilotos e beatos.
Falo dos contatos intergaláticos
— de primeiro, segundo e sétimo grau —
o momento em que a luz é verde ou lilás
conforme o formato espiritual de quem faz vigílias na noite
ou incorpora essas auras siderais.
Ah, esses discos me preocupam demais.
Com seus bronzes selenitas
e seus mantras de paz
trazem a água de Aquárius.
Viajantes amigos, caseiros e misteriosamente belos
no reencontro com seus irmãos.
Bem-Vindos.


in Roteiro Mágico de Brasília; Luz, Dioclécio – Codeplan – Brasília, 1986

Cipriano



Basilica di S. Giustina, Padova

Feriados Nacionais do Japão



1 de Janeiro — Ano Novo
15 de Janeiro — Dia da Maioridade
11 de Fevereiro — Dia da Fundação do País
21 de Março — Equinócio da Primavera
29 de Abril — Dia do Verde
3 de Maio — Dia da Constituição
5 de Maio — Dia das Crianças
20 de Julho — Dia do Mar
15 de Setembro — Dia de Respeito aos Idosos
23 de Setembro — Equinócio do Outono
14 de Outubro — Dia da Saúde e Esporte
3 de Novembro — Dia da Cultura
23 de Novembro — Dia da Ação de Graças
23 de Dezembro — Aniversário do Imperador

* Quando um feriado cai num domingo, o dia seguinte é considerado feriado.
* Quando os dias 3 e 5 de maio caem em um dia da semana, o dia 4 de maio, também é feriado.

Óptica



o dia amanheceu
excessivamente nítido.
Silenciosos e tormentosos ramos,
conspectos em amarelas flores.
Nua pele de lua a deixar
úmidos rastros laminares.
Ipês e paineiras ao desalinho,
orvalho colhido em linho.
Receptáculo aos cântaros,
vicejante fascínio intermitente.
Prenda à folia contida,
às mãos trancafiadas,
às mães a embalar
filhos não paridos.
Querência à brandura do solo,
em vagos lumes a lacrimejar.
Fluido orgânico aquoso,
vinho vivo macerado.
O dia amanheceu
excessivamente nítido.
Primária divisão de artéria,
células indistintas inundadas.
Nitidez excessiva,
lacínia de pétala desvendada.
Sede saciada na forma de amora,
alçar a esperada hora,
abilhamento de lábios a borboletear.
Encontro de todas as águas,
compleição de teus olhos nus.
Aspecto excessivamente nítido
de dia amanhecido.

in Samurai azul; Yzumida, Sergio A. M. – Oficina de Letras – São Paulo, 2006

A preocupação do artesanato



...A crítica de Mário de Andrade na sua fase de cristalização, passava a valorizar fortemente os elementos formais, técnicos do verso. Repugnava-lhe a idéia corrente de que poesia era simplesmente uma procura de essências, apenas inspiração. A ausência de vocação artística dos moços desagradava-o profundamente. Censurava aquela dissolução do verso na prosa, mal de que padecia a poesia moderna consoante a observação já antiga de Tristão de Ataide. O atecnicismo desespera-o: — “Desapareceram os artistas do verso, e o que é pior, poesia virou inspiração. Uma rapaziada ignorantíssima da arte da linguagem, sem a menor preocupação de adquirir um real direito de expressão literária das idéias e dos sentimentos, se agarrou à lengalenga das compridezas, que se era uma necessidade expressiva para os que lançaram entre nós o versículo bíblico (ou claudeliano se quisermos) não representa para aqueles a menor necessidade, a menor fatalidade lírica. Representa pura e simplesmente um processo de não se preocupar com a arte de fazer versos. Neste sentido, quase todos os nossos poetas novos e alguns veteranos são uns desonestos”.
...Este ponto de vista constituiu como que o núcleo essencial da estética de Mário de Andrade na sua hora de cristalização. Poesia não é apenas inspiração, poesia não é apenas sentimentalidade e calor lírico, é algo mais do que a substância poética, é forma, é trabalho, é arte. Se a preocupação das essências leva à valorização do conteúdo poético, com isso não devemos descuidar do continente em que ele necessariamente deverá caber. Esse atecnicismo, essa dissolução dos elementos formais do verso, foram as muralhas que certa mediocridade poética derruiu para depois espojar-se no interior do templo de que ela era a grande profana. A idéia do artesanato, êle desenvolveu excelentemente na sua aula inaugural de um curso universitário e que abre o volume “O Baile das Quatro Artes”, e em todos os momentos vindouros de sua crítica a preocupação artística reaparece como um “slogan” indispensável, como uma preocupação obsessiva e que vinha marcar a poética final de Mário de Andrade de um forte caráter de coerência e determinação.

in Revista do arquivo municipal; Haddad, Jamil Almansur – Departamento de Cultura – São Paulo, 1946 – Fotografia: Benedito J. Duarte

março 28, 2007

Poemas



Tanto para as pessoas fascinadas pela China, como para as que exorcizam sua presença política no mundo contemporâneo, o nome de Mao parece sempre cercado de um prestígio mitológico. Não é por acaso que, na Europa como na América, venderam-se milhões de exemplares do pequeno breviário vermelho de seus “Pensamentos”, traduzido em todas as línguas. Criador da nova China, um país com perto de um bilhão de habitantes, foi sobre a poesia que Mão Tse-tung fundou a grande marcha de seu povo para a liberdade. Como Ho Chi Minh, seu contemporâneo, e que se dirigia aos seus soldados em poemas, sabia a lição de Hoelderlin de que “só os poetas fundam as coisas permanentes”. Alexandre Magno proclamava que a Grécia fora fundada pelos versos de Homero, e era ao ritmo das estrofes de Tirteu, de Alceu ou de Píndaro, que os soldados gregos ganhavam as batalhas, quando o povo era convocado por uma elegia para ordenar sua constituição política. A grandeza de Roma se fez sobre a epopéia de Virgílio, a unidade italiana foi construída sobre o poema de Dante. Portugal sobreviveu graças aos versos de Camões, e ainda na última guerra era com passagens de Shakespeare que Churchill transmitia ordens ao almirantado inglês. Guerreiro e político, homem de refinada cultura e vasta erudição, Mao Tse-tung tinha, na poesia, a força maior de seu espírito e de sua ação. Sua própria obra política há de durar enquanto durarem esses versos plantados nas águas, nas montanhas, no chão de seu país. E no coração de seu povo.

Gerardo Mello Mourão


A GRANDE MARCHA 24

— lüshi 25

O Exército Vermelho não teme a prova de uma longa marcha,
mil montanhas e dez mil rios nada lhe significam,
para ele as Cinco Cordilheiras são ondas em leve dança 26
e os picos da montanha de Wumen rodam como bolas de barro. 27
São tépidas as serras mergulhadas na neblina, lavadas pelo rio Areias de Ouro 28
e são frescas as cadeias de ferro que atravessam o Dadu. 29
O Exército está feliz entre as infinitas neves de Minshan 30
quando as cruzamos,
um sorriso nasce em cada rosto.


24) Em outubro de 1934, o Exército Vermelho abandonou a base de Chiangsi e realizou uma marcha de 25 mil li — uns 12 mil e 500 quilômetros, através das províncias de Fuchien, Chiangsi, Guangdong, Hunan, Guangsi, Güichou, Yunnan, Sechuán e Gansu. Em outubro de 1935, chegou à base antijaponesa no norte de Shensi.
25) Um lüshi se compõe de oito versos, com sete ou cinco hieroglifos em cada um.
26) As Cinco CordIlheiras se estendem através das províncias de Hunan, Guangdong, Guangsi e Güichou.
27) Montanha situada entre Yunnan e Güichou.
28) Rio no curso superior do Yangtsé, emYunnan.
29) Rio de Sechuán. A ponte Luding, sobre este rio, foi construída
com treze cadeias de ferro que sustentam pranchas de madeira soltas.
30) Montanha que se estende através de Chinghai, Gansu, Shensi e
Sechuán.



in Poemas; Tse-tung, Mao – Paz e Terra – Rio de Janeiro, 1979

Santificação da Festa



O homem, por lei natural, tem obrigação de dar a Deus o culto devido e, por lei divina, deve consagrar determinados dias ao culto divino, A Igreja, interpretando o preceito divino, especificou o modo de se santificar os Domingos e as outras festas de preceito.

a) Abster-se das obras servis (os trabalhos manuais próprios dos artífices e dos operários), que não são necessários para a vida e para o serviço de Deus e não justificados pela piedade ou por grave motivo.

b) Ouvir Missa inteira com devoção e atenção, exceto nos casos de impotência física, ou por graves motivos de caridade por grave incômodo ou enfermidade.

Convém ocupar os dias de festa para o bem da alma, fazendo alguma boa obra longe de toda dissipação e de todo vicio ou pecado e para descanso do corpo.

Não basta adorar a Deus interiormente no coração, mas devemos prestar-lhe o culto externo ordenado, porque a êle estamos sujeitos em todo o ser, alma e corpo, porque devemos dar o bom exemplo e porque do contrário perde-se o espírito religioso.


in Missal Romano Cotidiano: Latim-Português; Pia Sociedade de São Paulo – Paulinas – São Paulo, 1963

Herr och Fru



martelo m hammare; ~ pneumático pneumatisk borr

in Portugisisk-Svensk Ordbok – Dicionário Português-Sueco; Fernandes, Alexander and Thunholm, May – Futura – Stockholm, 1971

março 26, 2007

Couragem



Francis Picabia – "Courage / Le brave" – (1947); Oil on cardboard – Private collection; Image Copyright © (cf. Olga's Gallery)

Enfim


Dragão



Moreau, Gustave; Saint George; Oil on canvas, 55 5/8 X 38 1/8 in; National Gallery, London, 1890

Aos que choram



De todas as provas por que temos de passar, a partida para o além, dos nossos queridos, é, sem dúvida, uma das mais dolorosas.

Notai que não dizemos a “mais dolorosa”, porém, “uma das mais”. E assim nos expressamos, porque aos nossos entes extremecidos podia suceder alguma coisa que nos ferisse mais profundamente que a própria morte: a prática de um crime aviltante, a degradação moral ou a escravisação de um vício torpe como a embriaguês, o jogo, os entorpecentes, as orgias. Reputamos êstes casos mais angustiosos que a morte. E não será acaso, isto, um motivo já de consolação?

Certamente, que sim.

Temos por costume chorar e lamentar muito a partida das pessoas boas e justas. Pois, quanto melhores elas tinham sido nesta existência, menos razão nos assiste para chora-las. Si é verdade que existe além do tumulo uma outra vida — a real e imperecível — onde habita a justiça e impera o amor, elas estarão fruindo o justo galardão dos bons predicados que possuem.

Sofreram muito nêste mundo? Foram duros os revézes e os padecimentos que suportaram nesta existência? Lá está, para tudo reparar e retribuir, a indefectível justiça divina expréssa nesta sentença: A cada um será dado segundo suas obras. Se foram bôas as obras de nossos queridos, porque, então, lamenta-los?

Se somos crêntes, a fé que professamos deve ser bastante fórte paraconsolar-nos, para mitigar a dôr que nos compunge nos transes angustiosos por que passamos. Lembremo-nos que ha de ser precisamente nas horas de amargura que a nossa fé ha de valer.




in Reformador: Mensário religioso de Espiritismo Cristão – Federação Espírita Brasileira – Rio de Janeiro, 1952

São Paulo de Andrade



Rio sem curso
cidade sem recurso
recuso-me a morrer
recuso-me a matar-te na lembrança


Já supermarcada esmagas hoje, o ontem, o amanhã e o sempre
Supernecrópole. Super! Super! Super!


To be destroyed


Para ter sido
Para ter sido

in São Paulo de Andrade; Farkas, João Paulo – Massao Ohno Editor – São Paulo, 1976

março 25, 2007

Detalhe



Giotto; Giudizio universale; afresco, 1000 x 840 cm (afresco completo) - Cappella Scrovegni, Padova, 1306

Roteiro

Retrato do rei D. João V (1689 – 1750); Óleo sobre tela; Séc XVIII; Autor: Carlos António Leoni; 74,8 X 100,6 cm

Cadeirinha; Séc. XVIII (final); Trabalho português; Dim. cx. 155,0 X 95,0 X 79,0 cm; Revestida a veludo vermelho; Pertenceu à Família Real Portuguesa.


in Museu Nacional dos Coches; Fotografia: Henrique Ruas e Antonio Ventura – Instituto Português do Patrimônio Cultural – Lisboa, 1989