abril 19, 2007

Jonas e a baleia



A história de Jonas na barriga da baleia é um exemplo de tema mítico praticamente universal: o herói é engolido por um peixe e volta, depois, transformado. A baleia representa o poder de vida contido no inconsciente, e a criatura na água é a vida ou energia do inconsciente, que dominou a personalidade consciente e precisa ser desempossada, superada e controlada.

in O poder do mito; Camppbell, Joseph com Bill Moyers – Palas Athena – São Paulo, 1991

abril 18, 2007

A caça ao veado

















— "Mãos ao alto, Sr. Veado!"

Meus amiguinhos, vocês pensam que o animal se incomodou? Sorriu e piscou o olho.

Mickey, com a mão na espingarda, apertou o gatilho tão desastradamente que a cavilha, o cano, as mólas e o chumbo cairam ao chão, indo o gatilho bater no nariz do veado.

Ah! meninos, vocês nem queiram saber como o veado ficou furioso.

Em vez de caçar, os nossos caçadores é que foram caçados! Que vergonha!

O veado levantou as orelhas e puxou Mickey pelas calças. Este continha a respiração, louco de medo. Jogados para o ar, como si fossem lanças, Mickey e Plutão foram se afastando da floresta até chegarem á beira de um precipicio.

Oh! horror! Seria preciso vôar ou rolar até o fundo!

A situação era a mais critica possivel. Urgia um golpe. Quando se está nos galhos de um veado, tudo deve ser tentado. As orelhas de Plutão batiam no ar como duas azas, chegando a suspender-lhe as patas trazeiras. Aproveitando-se disso, Mickey pulou para cima dele e, segurando-lhe a cauda, deu um solavanco com tal força que Plutão voou. Sim, não duvidem, Plutão voou.

Passaram então o precipicio, deixando o veado na borda, arreganhando os dentes e dando guinchos terriveis.

Os nossos herois estavam sãos e salvos. Mickey, enviando um beijo ao Sr. Veado, começou a tamborilar uma melodia no rabo de Plutão, esquecendo, ao som da musica, a terrivel cena da sua primeira caçada ao veado.

in O naufrágio de Mickey e outras histórias – Editora Guanabara – Rio de Janeiro, sd – Ilustração dos estúdios de Walt Disney

Pequena Bibliografia



Edições das obras de Gil Vicente:

Obras Completas de Gil Vicente — Reimpressão fac-similada da edição de 1562 — Lisboa, 1928 (edição fundamental, e a única que pode ser adoptada como base de estudos eruditos).

Obras de Gil Vicente — com revisão, prefácio e notas de Mendes dos Remédios, Coimbra — 1007, 1912, 1914.

Obras Completas — com prefácio e notas do Prof. Marques Braga — Colecção «Clássicos Sá da Costa», 6 vols.

Obras Completas — edição organizada por Reis Brasil (actualmente publicados 3 vols.). Contém, em contrapágina do texto, a sua correspondência em prosa moderna.

Teatro de Gil Vicente — apresentação e leitura de António José Saraiva (selecção das peças mais importantes, com prefácio de grande interesse).

Obras fundamentais sobre a biografia e obra vicentina:

• Braamcamp Freire, Vida e Obras de Gil Vicente«trovador, mestre
da balança»
— Ed. Rev. Ocidente, 1944.
• Carolina Michaëlis de Vasconcelos, Notas Vicentinas — Notas I a V, Ed. Rev. Ocidente, 1949.
• Brito Capelo — Gil Vicente — Lisboa, 1912. .
• Queirós Veloso — Gil Vicente e a sua obra — Lisboa, 1913.
• Oscar de Pratt — Gil Vicente — Lisboa, 1931.
• António José Saraiva — Gil Vicente e o fim do Teatro Medieval — Lisboa, 1942.
— História da Cultura em Portugal, II, Lisboa, 1955.
• Reis Brasil — Gil Vicente e o teatro moderno, Lisboa, 1965.

Além destas obras, existem numerosas edições comentadas de autos e obras isolados, dos quais utilizamos, na presente edição: I. S. Révah — Édition critique de l'Auto de Inês Pereira, in Bulletin d'histoire du théâtre Portugais , t. V, 2, 1954. Quem Tem Farelos (prefácio e notas de Ernesto de Campos Andrade, Lisboa,1965). Auto da Cananeia, ed. por Agostinho de Campos, 1938. Os Autos das Barcas, «Livros de Bolso Europa-América, com prefácio e notas de Luís Francisco Rebelo.

in Sátiras Sociais; Vicente, Gil — Publicações Europa-América – Mira-Sintra, 1975

abril 17, 2007

Lado A

Agni Tara Mandala; Phoenix & Arabeth

Shiva Agni; Nuno Afonso; huile sur panneau dur, 37x35 cm

Nasmão



Cólicos menstruales. — Puntos obscuros en el Cinturón de Venus. Rayas en la eminencia tenar. Uña ovárica.

Cólicos nefríticos. — Puntos obscuros en la región Del estómago. Enrejados en la misma región.

Columna vertebral (Defectos de la). — Monte del lado medio aumentado. Uña medular.

Congestión cerebral. — Monte del dedo índice aumentado. Uña congestiva: Desaparición del área blanca de la base por la intensa coloración general.

Conjuntiva (Enfermedades de la). — Puntos rojos em la línea de la cabeza. Triángulos en el final de la misma.

Conjuntivitis escrofulosa. — Los signos anteriores más marcados. Media luna en la falange del índice.

Consunción malárica. — Puntos y cruces obscuros en la línea de la vida. Media luna en la falange del índice.


in Tratado de Quirología Médica; Dr. Krumm - Heller — Editorial Kier — Buenos Aires, 1950

abril 16, 2007

A cor da pobreza



...A elaboração de estratégias para melhoria da qualidade de vida e de saúde depende da compreensão das fragmentações derivadas dos fenômenos socioculturais, políticos e econômicos, seja no nível pessoal, coletivo, regional ou mundial.
...O mundo atual nega liberdades elementares a um grande número de pessoas. Por vezes, a ausência de liberdades substantivas relaciona-se diretamente com a pobreza econômica, em alguns casos vincula-se à carência de serviços públicos e assistência social e, em outros, a violação da liberdade resulta diretamente de uma negação de liberdades políticas e civis.
...No Brasil, o grau de pobreza é mais elevado do que o encontrado em outros países com renda per capita similar. Embora cerca de 64% dos países tenham renda inferior à brasileira, aqui o grau de desigualdades é um dos mais elevados do mundo (Barros e col., 2000).
...A pobreza no Brasil tem raça/cor, sexo e etnia. Esta afirmação, interpretada por alguns como esquizofrênica, está pautada em números tão cruéis quanto seu reflexo nos corpos e nas mentes de negros e negras, índios e índias. 11
...De acordo com os dados analisados por Jaccoud e Beghnin (2002), em 1992,40,7% da população brasileira era considerada pobre; em 2001, esse percentual cai para 33,6%. Nesse período, a proporção de negros pobres equivalia a 2 vezes a proporção observada na população branca -55,3% versus 28,9% em 1992 e 46,8% versus 22,4% em 2001. Nesse ano, homens e mulheres apresentaram-se distribuídos de forma semelhante entre os pobres — cerca de 1/3 da população. Ao incluir a variável raça/cor na análise dos dados, entretanto, observou-se que esta situação era vivida por quase metade das mulheres negras contra apenas 22,4% das mulheres brancas. Na indigência, a proporção de mulheres e homens negros foi cerca de 28% em 1992 e 22% em 2001, contudo este percentual foi 2,3 vezes maior quando comparado àquele apresentado para mulheres e homens brancos em 1992 e 2,6 vezes maior em 2001.
...Segundo Milton Santos (2000), os pobres não estão apenas desprovidos de recursos financeiros para consumir, a eles é oferecida uma cidadania abstrata; que não cabe em qualquer tempo e lugar e que, na maioria das vezes, não pode ser sequer reclamada. Por mais que se deseje negar, essa cidadania não consistente e não reivindicável, vem sendo oferecida ao longo dos tempos, prioritariamente aos negros e negras, índios e índias.
...Se cidadania é o repertório de direitos efetivamente disponíveis, os coletivos cujo Estado não garante os meios para o desenvolvimento, não têm condições de exercer atividades globalizadas. Para estes brasileiros a transposição das barreiras socioeconômicas é quase impossível.

11 Neste texto não serão abordadas questões relativas às condições de vida e saúde da população indígena.

in Seminário da Saúde da População Negra; Batista, Luís Eduardo e Kalckmann, Suzana (Org.) – Instituto de Saúde – São Paulo, 2005

abril 15, 2007

Aristée



Primaveras



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Primavera! juventud del anno,
Mocidad! primavera della vita
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METASTÁSIO.
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I.

A primavera é a estação dos risos,
Deus fita o mundo com celeste afago,
Tremem as folhas e palpita o lago
Da brisa louca aos amorosos frisos.

Na primavera tudo é viço e gala,
Trinam as aves a canção de amores,
E doce e bela no tapiz das flores
Melhor perfume a violeta exala.

Na primavera tudo é riso e festa,
Brotam aromas do vergel florido,
E o ramo verde de manhã colhido
Enfeita a fronte da aldeã modesta

A natureza se desperta rindo,
Um hino imenso a criação modula,
Canta a calhandra, a juriti arrola,
O mar é calma porque o céu é lindo

Alegre e verde se balança o galho,
Suspira a fonte na linguagem meiga,
Murmura a brisa: — Como é linda a veiga!
Responde a rosa: — Como é doce o orvalho!

II.

Mas como às vezes sob o céu sereno
Corre uma nuvem que a tormenta guia,
Também a lira alguma vez sombria
Solta gemendo de amargura um treno.

São flores murchas; — o jasmim fenece,
Mas bafejado s'erguerá de novo
Bem como o galho do gentil renovo
Durante a noite, quando o orvalho desce.

Se um canto amargo de ironia cheio
Treme nos lábios do cantor mancebo,
Em breve a virgem do seu casto enlevo
Dá-lhe um sorriso e lhe intumesce o seio.

Na primavera — na manhã da vida —
Deus às tristezas o sorriso enlaça,
E a tempestade se dissipa e passa
A voz mimosa da mulher querida.

Na mocidade, na estação fogosa,
Ama-se a vida — a mocidade é crença,
E a alma virgem nesta festa imensa
Canta, palpita, s'extasia e goza.


1º de julho — 1858
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in Primaveras; Abreu, Casimiro de – Livraria Exposição do Livro – São Paulo, sd.

abril 14, 2007

Os habitantes da aldeia



Denunciei, em estudo anterior, a qualidade de santo casamenteiro atribuída ao orixá, cujo grande dia se torna cada vez mais preferido para a união conjugal entre a população pobre. Aqui está um cântico em reforço da minha afirmativa:

Cosme e Damião,
sua casa cheira
a cravos e rosas
e a flor de laranjeira!

Outra particularidade interessante. Num cântico por mim citado nesse mesmo estudo anterior, o orixá nos convidava para ver, isto é, procurar

duas conchinhas
do Calunguinha
na beira do rio.

Noutro cântico, por mim colhido mais recentemente, o orixá se entrega, novamente, ao mesmo esporte:

Cosme e Damião,
Dôú e Alabá
foram catar conchinhas
na Mesa do Aroká.

Aqui, Mesa do Aroká significa a Mesa da mãe-d’água, vale dizer, o fundo do mar...
No candomblé da mãe-de-santo Calangro Verde, de Belmonte, discípula de Jubiabá, se canta, segundo o testemunho do poeta Sosigenes Costa, da seguinte maneira:

A mochila é de Neném (?),
A capanga é de Dôú.
Ai-ai-ai,
Dôú!

in Negros Bantus; Carneiro, Edison – Civilização Brasileira – Rio de Janeiro, 1937

abril 11, 2007

Litógrafo


As rãs


Aristófanes

1 — Vida e Obras.

São poucos os documentos que possuímos a respeito de Aristófanes e dentre eles apenas um ou outro merece inteira confiança. Extirpando desses documentos a fantasia e a lenda e sobretudo hipóteses de alguns doutos, (como é aquela do sábio americano M. Roland Kent que, desejando justificar a data do nascimento do poeta entre 455/454, traduziu erradamente a palavra parthénos por virgem, virginal em As Nuvens. v. 530, quando, na passagem citada o sentido de parthénos é puella, menina, moça), poder-se-á, com boa margem de acerto, resumir assim a biografia de Aristófanes. Tomando-se por base o texto de As Nuvens, o poeta deve ter nascido em 445 a.C. Morreu, não o podemos precisar, entre 375/372, com setenta e dois anos, mais ou menos. Era filho de Filipe, da tribo Pandião, portanto um cidadão ateniense. Pretender com um dos seus melhores editores, Van Leeuwen, Prolegomena ad Aristophanem, Deutsche Literaturzeitung, 1909, que o poeta de As Rãs não era cidadão ateniense, é, ao que parece, levantar castelos na areia 2.

Com segurança pode-se dizer que Aristófanes teve dois filhos: Araro, também poeta de Talia e que em 387 foi o vencedor num concurso cômico com uma peça do pai, intitulada Cócalos, e Filipe. Um terceiro, se existiu, chamava-se Nicóstrato, segundo Apolodoro, ou Filetero, segundo Dicearco.

Quanto às obras do poeta, a antigüidade nos fala em 44 comédias, considerando-se, desde então, quatro delas como apócrifas: A Poesia, O Náufrago, As Ilhas e Níobo. Chegaram-nos somente 11: as restantes são-nos conhecidas pelos títulos e fragmentos.

Eis em ordem cronológica as que possuímos:

425 (Akharnês) Os Acarneus
424 (Hippês) Os Cavaleiros
423 (Nephélai) As Nuvens
422 (Sphêkes) As Vespas
421 (Eiréne) A Paz
414 (Órnithes) As Aves
411 (Lüsistráte) Lisístrata
411 (Thesmophoriádzusai) Tesmofórias
405 (Bátrakhoi) As Rãs
392 (Ekklesiádzusai) Assembléia das Mulheres
388 (Plûtos) Pluto

Comédias mais importantes, cujos títulos ou fragmentos conhecemos:

427 (Daitalês) Os Convivas
426 (Babülónioi) Os Babilônios
422 (Proágon) Prelúdio
414 (Amphiáraos) Anfiarau
387 (Kókalos) Cócalo


1. Duas Vidas anônimas; um artigo de Suidas; uma escólia de Platão; uma introdução breve num tratado anônimo Acerca da Comédia e uma compilação de Thomas Magister: todos estes documentos foram reunidos por Westermann (Biog.) e por Dübner (Prolegomena de Comoedia). Poderíamos ajuntar-lhes ainda as escólias e didascálias que acompanham o texto chegado até nós, bem como as Parábases de Os Acarneus, Os Cavaleiros, As Nuvens, As Vespas, A Paz.

2. A célebre graphè xenías (acusação de estrangeiro) movida, em 424, pelo demagogo Cleão, contra o poeta "por usurpação dos direitos civis", não tem, em absoluto, o valor que se lhe atribui. Com efeito, nada era mais comum em Atenas do que essa imputação. Os oradores (Demóstenes e Ésquines, por exemplo) viviam se acusando mutuamente de tal crime. O próprio Aristófanes, aliás, em mais de uma passagem acusa Cleão, Hipérbolo e Cleofonte de origem estrangeira. Para se compreender a facilidade e freqüência de tais insinuações é necessário lembrarmo-nos da complexidade da legitimação do estado civil na cidade de Palas. Cf., a esse respeito, a obra de Octave Navarre, Les Cavaliers d'Aristophane, Edit. Mellottée, Limoges, 1956, pág. 7 sg.

in As Rãs; Aristófanes; Tradução do Grego por Junito de Souza Brandão – Baptista de Souza & Cia. Editores – Rio de Janeiro, 1958

Dodiana


Sou diabético e agora?

Locais de aplicação da insulina

Em relação aos locais seguros para a aplicação de insulina, esses foram selecionados porque permitem a deposição da insulina exatamente no local onde ela deve acontecer (no subcutâneo), desde que se utilize uma técnica adequada de injeção.

É importante salientar que deve haver um rodízio na aplicação das injeções de insulina, uma vez que, quando uma mesma área é utilizada muitas vezes para se injetar, pode sofrer problemas degenerativos locais, como complicações das injeções de insulina repetidamente aplicadas numa mesma área, até mesmo prejudicando sua absorção.

O rodízio deve ser feito dentro do mesmo local para o mesmo tipo de insulina porque as taxas de absorção e os picos de ação da insulina podem variar conforme o local onde ela foi aplicada. Em áreas de maior movimentação, como nas coxas, por exemplo, a atividade física aumenta a absorção da insulina.



A figura acima mostra as áreas mais adequadas à aplicaçãodas injeções de insulina, que são:


Parede abdominal: exceto a áreas de 5 cm ao redor do umbigo;

Coxas: face anteriore lateral;

Nádegas: região superior;

Braços: região lateral e posterior do braço.

Portanto, a área mais adequada para a aplicação da insulina é relativamente ampla (considerando-se todos os locais anatômicos mencionados acima), permitindo uma perfeita rotatividade quanto ao local exato da injeção.

in www.diabetesnoscuidamos.com.br

abril 04, 2007

Homenagem ao Rabino Sobel

Poema em linha reta
Fernando Pessoa (Álvaro de Campos)

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes — na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos — mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Ruy Nogueira Netto

abril 01, 2007

Lewis Carroll

Alice disparou atrás do coelho...

in Alice no País das Maravilhas; Adaptação de Monteiro Lobato – Companhia Editora Nacional – São Paulo, 1941

Ah, na Bahia...


A Sapateira Prodigiosa, de Federico Garcia Lorca. Sônia dos Humildes (Sapateira), Maria da Conceição (Vizinha Negra), Jurema Penna, Maria Adélia (Beata), Lizete Fernandes (Vizinha Vermelha), Helena Ignez (Vizinha Verde), e Nilda Spencer (Vizinha Amarela).
Direção, Martim Gonçalves. 1959. Teatro Santo Antônio.
Foto: Cláudio Reis.

Raimundo Matos de Leão — Mestre em Artes Cênicas — UFBA.
Professor de História do Teatro Brasileiro e Improvisação Teatral no
Curso de Artes Cênicas — FSBA. Escritor, arte-educador e dramaturgo.

O anjo da guarda



Deus fez um anjo para cada homem,
confiou-lhe seu corpo e seu destino.
Disse-lhe: — “Impede que as paixões o domem.
Guarda-o para ser bom desde menino.”

Na inumerável multidão dos povos,
na confusão das línguas e das gentes,
não falta um anjo em meio aos anjos novos
para seguir os seres inocentes.

Por mais que a vida dispa as ilusões
e enodoe a pureza, por ferina
que seja, e mate a fé, mate a esperança,

há sempre uma hora para os corações
em que, dobrando o canto de uma esquina,
volta o anjo da guarda da criança.


in Anjos em Terra; Costa, Nazareth e Costa, Odylo Filho – Monteiro Soares – Rio de Janeiro, 1980