outubro 18, 2008

Fundamentos do Projeto



2. O embasamento necessário de conhecimentos e experiência

As pessoas que não estão familiarizadas com o problema e com os métodos possíveis de solução, estão impossibilitadas de executar um projeto. Assim, em primeiro lugar um projetista deve ter um conhecimento profundo de todos os elementos envolvidos. Isso significa também que para cada "frente de pesquisa" específica, o embasamento necessário será determinado pelo assunto da mesma. Entretanto, hoje em dia nenhum campo de conhecimento é realmente "puro". Por exemplo, na engenharia mecânica certamente haverá muitos casos em que um recurso elétrico é uma parte importante do aparelho mecânico e vice-versa. Portanto, um embasamento diversificado é uma vantagem indiscutível. Além disso, o embasamento necessário variará consideravelmente de acordo com a extensão do conhecimento científico e do treinamento necessários. Por exemplo, um projetista que trabalha em um dos campos da aeronáutica deve ter estudado física, química, matemática, etc., profundamente, enquanto que outro, que trabalha para uma companhia que fabrica pequenos aparelhos eletrodomésticos, provavelmente não necessitará nada além dos cursos básicos. E mais ainda, deve-se observar que ao consultar muitos dos mais proeminentes executivos e projetistas da aeronáutica, bem como dos campos altamente especializados da eletrônica, concluiu-se que um certo número de pessoas, que tinham um treinamento técnico de apenas dois anos, tomaram-se valiosas para a companhia como projetistas de máquinas bastante complexas. O autor acredita, entretanto, que a extensão do treinamento técnico determina a extensão em que um projetista pode esperar trabalhar em equipamento altamente especializado. Deve-se acrescentar também que experiência num determinado campo pode substituir, até certo ponto, a falta de educação formal.

Todos os projetistas, independentemente do campo ou do produto, devem ter um treinamento completo em expressão gráfica. Do contrário, o projetista falharia completamente visto que, conforme a concepção do projeto avança, o pensamento do próprio projetista precisa ser registrado sob a forma de esboços e desenhos. Além disso, conforme o projeto é desenvolvido ele precisa ser discutido e aprovado por pessoas tais como o projetista-chefe, o engenheiro-chefe e os executivos da administração. Isto significa que é necessária uma comunicação clara e concisa, a qual deveria ser obtida através dos esboços e desenhos feitos pelo projetista. Freqüentemente os desenhos do projeto serão ampliados e sustentados por dados matemáticos e diagramas, incluindo algumas vezes dados de computador, mas os esboços e desenhos do projetista e a sua discussão e explicação são os aspectos mais significativos da comunicação. Como freqüentemente tem sido dito, embora seja praticamente impossível descrever, mesmo um elemento simples, através de palavras, a comunicação é obtida simples e diretamente com um desenho.

A Fig. 14.4 é um exemplo do desenho de um projeto bastante antigo de autoria de Leonardo da Vinci (data de aproximadamente 1500). Por sua grande habilidade de representar graficamente, da Vinci era capaz de transmitir um projeto, com grande clareza, em um único desenho.

Além da capacidade de expressar-se graficamente, o projetista deve não só ter um conhecimento completo dos processos de produção, dos materiais, dos métodos de fixação e de montagem, dos tipos de acabamento e dos métodos econômicos de produção, mas também um conhecimento dos valores estéticos.


in Desenho Técnico e Tecnologia Gráfica; French, Thomas E. e Vierck, Charles J. – Editora Globo – Rio de Janeiro, 1985

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