fevereiro 13, 2007

Aparecidas


Mas é necessário prestar atenção às diferenças. Acontece que o discurso religioso não vive em si mesmo. Falta-lhe a autonomia das coisas da natureza, que continuam as mesmas, em qualquer tempo, qualquer lugar. A religião é construída pelos símbolos que os homens usam. Mas os homens são diferentes. E seus mundos sagrados também. "O mundo dos felizes é diferente do mundo dos infelizes" (Wittgenstein). Assim...
...há aqueles que fizeram amizade com a natureza, e reconhecem que dela recebem a vida.
E eles envolvem então, com o diáfano véu do invisível, os ventos e as nuvens, os rios e as estrelas, os animais e as plantas, lugares sacramentais. E, por isto mesmo, pedem perdão aos animais que vão ser mortos, e aos galhos que serão quebrados, e à mãe-terra que é escavada, e protegem as fontes dos seus excrementos.
...há também os companheiros da força e da vitória, que abençoam as espadas, as correntes, os exércitos e o seu próprio riso.
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in O que é Religião; Alves, Rubens – Col. Primeiros Passos, Brasiliense – São Paulo, 1991

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