fevereiro 08, 2007

Eu sou neguinha


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Estou escrevendo essas coisas porque a resistência ao candomblé nos círculos intelectuais brasileiros é muito grande, apesar das sérias contribuições que vêm sendo recebidas, principalmente dos antropólogos. Só para citar um exemplo de como ainda grassa o preconceito, a filósofa Marilena Chaui não conseguiu ver nada interessante no candomblé a não ser massas submissas às "hostes de Exus militarizados". Uma visão apressada, sem dúvida, que não coloca nem por um segundo em discussão a grande contribuição que Chaui presta continuamente ao povo brasileiro, através de sua firme posição a favor da participação dos trabalhadores no aparelho dirigente do Estado, até agora só acessível à elite burguesa e a seus comparsas.
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...Ao pesquisarem os terreiros, os antropólogos acharam uma religião democrática, de pessoas com expressão livre e cooperativas entre si. Roger Bastide, o primeiro grande pesquisador dos cultos afro-brasileiros, já tinha notado que os pais-de-santo jamais poderiam dar mostras de autoritarismo, sob pena de ficarem com seus terreiros vazios. Eles só "são legitimados através do consenso de seguidores volúveis", escreveu Bastide.
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in O que é Candomblé; Carmo, João Clodomiro do – Col. Primeiros Passos, Brasiliense – São Paulo, 1987

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