março 20, 2007

O Teatro João Caetano, de seu início à atualidade.





Fernando José de Almeida — popularmente conhecido por “Fernandinho” ex-cabeleireiro do Vice-Rei D. Fernando de Portugal, protegido de D. João VI, obteve de D. Beatriz Anna de Vasconcellos um terreno, no então Largo da Sé — hoje Praça Tiradentes, em 1812. Aí, de acordo com os desenhos do Marechal João Manoel da Silva, edificou um teatro — com pedras destinadas à Igreja da Sé. Em homenagem ao seu protetor deu a esse teatro o nome de “Real Teatro de São João”. Foi inaugurado a 12 de Outubro de 1813 — aniversário do Rei — representando-se ,"O Juramento dos Nunes" e "O Combate do Vimieiro", regendo a orquestra Marcos Portugal.




Essa a primeira fase do “Teatro João Caetano” e os anais registram interessantes acontecimentos no mesmo desenrolados: A 26 de fevereiro de 1821, o Príncipe D. Pedro leu de sua varanda O decreto em que seu pai assegurava ao povo brasileiro a sanção da Constituição promulgada em Lisboa; e, nessa noite, o Rei, aclamado pelo povo, assistiu a representação da ópera “Conerentola”; a 5 de junho do mesmo ano, D. Pedro, ainda nesse teatro, jurou as bases da Constituição portuguesa nas mãos do bispo conde capelão-mór; a 15 de setembrro desse ano. D. Pedro, de volta de sua viagem a São Paulo, onde havia dado o brado de independência às margens do Ipiranga, compareceu ao "Teatro São João", com a legenda “Independência ou Morte”, em fita contornando o seu braço esquerdo; em 1822, em regozijo pelo casamento de D. Pedro, houve espetáculo de gala, inaugurando-se o novo pano de boca, de autoria de Debret; a 25 de março de 1824 — dia em "que foi promulgada a nossa primeira Constituição — D. Pedro, já agora Imperador, assistiu à representação da peça “Vida de S. Hermenegildo” sendo recebido com vivas estrepitosos e sob os sons do Hino da Independência (música de D. Pedro e letra de Evaristo da Veiga). Nessa noite, o ator Antonio de Baia, saltando do balancim impeliu-o de encontro a um cenário pintado com aguarrás, produzindo o primeiro incêndio ao teatro. Fernandinho providenciou para sua reconstrução, mas, enquanto esta se não efetivava, preparou um salão da frente inatacada do teatro e aí deu espetáculos a 18 de dezembro de 1824, aniversário de D. Pedro, levando a peça "Engano Feliz" de Rossini.



A 22 de janeiro de 1826 foi inaugurado o novo Teatro João Caetano, com o nome de “Imperial Teatro S. Pedro de Alcântara”, com a peça “Tancredo”. Nessa ocasião, Fernando José de Almeida foi agraciado com a comenda da Ordem de Cristo.
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Falecendo o proprietário do teatro, a 17 de junho de 1829, tomou conta do “S. Pedro de Alcântara” o Banco do Brasil, credor de Fernandinho, pois que este tomara dinheiro emprestado para a nova edificação.

...Seu filho, José Fernandes de Almeida, arrendou-o mas sem sucesso.
...Em 1831, por ocasião da abdicação, passou o teatro a se chamar: “Constitucional Fluminense”.


in Vigésimo aniversário da Casa dos Artistas; Ars Longa, Vita Brevis – Rio de Janeiro, 1938-08-24

Um comentário:

Anônimo disse...

Precioso registro. Gostaria de saber se o Sr. possui este livro de onde foram tiradas essas imagens, pois não as havia visto ainda. Em outubro, o João Caetano completa 195 anos e estou tentando reunir o máximo de imagens possível de sua história para uma possível exposição. Se puder, entre em contato. Agradeço imensamente:
Daniel Dias da Silva: teatroecia@gmail.com